Famílias em isolamento social. COVID19 provoca alterações de rotina, ansiedade, depressão e stress

Salete Lima, psicóloga clínica, fala-nos sobre as consequências do isolamento social provocado pela Covid-19 em crianças e adolescentes. Como forma de ajudar os pais a lidar com os seus filhos de forma positiva, Salete Lima dá conselhos com o intuito de transformar estes dias mais harmoniosos e saudáveis.

Por Vânia Pinto

A psicóloga clínica fala sobre o stress e ansiedade vivenciados em tempos de Covid-19. O isolamento social ao qual crianças e adolescente foram submetidos, pode conduzir “a médio ou longo prazo a mudanças comportamentais”, refere Salete Lima. Não foram somente as crianças e jovens quem sofreram os efeitos deste isolamento social, também os adultos acabaram por ser vítimas. Salete Lima dá alguns conselhos direcionados para os pais, como a prática de atividades didáticas, elaboração de horários de estudo com os seus filhos, assim como a integração destes nas tarefas domésticas, para que desta forma não se deixem “cair na monotonia”.

A psicologia foi algo que sempre fascinou Salete Lima, por se tratar de uma área que “visa estudar os comportamentos e as funções mentais dos humanos” levando à alteração desses comportamentos quando necessário. No decorrer do seu percurso académico manifestou interesse pela área de intervenção em crianças e adolescentes em contexto escolar.

Salete Lima considera que o isolamento social pode provocar a médio ou longo prazo mudanças comportamentais, uma vez que pode “levar a problemas de ansiedade, depressão, stress, entre outras patologias” vivenciadas durante esta pandemia provocada pelo novo coronavírus.

A psicóloga clínica defende que apesar de se verificar uma modificação de rotinas, os pais devem “dar asas à imaginação” realizando jogos didáticos com todos os elementos familiares, apoiar os filhos nas relações interpessoais com os seus amigos, através das redes pessoais para não caírem no isolamento social, deve haver uma integração de todos nas tarefas domésticas” para que desta forma, não sintam que as suas rotinas são repetitivas e aborrecidas.

Apesar de ser decretado o fim do Estado de Emergência, não significa, na perspetiva de Salete Lima, “o fim do apoio parental”. Considera ainda, que os pais neste momento exercem vários papéis na vida dos seus filhos, e motivados pelo stress e exaustão acabam por surgir conflitos, dado que partilham o mesmo espaço vinte e quatro horas. No seu ponto de vista não se pode considerar que tudo foi negativo, pois anteriormente com a correria no trabalho e consequente cansaço, as relações interpessoais eram escassas e “esta fase veio reaproximar” os indivíduos.

A pandemia de Covid-19 veio alterar as rotinas, revelando-se um desafio uma vez que muitos pais se encontram em teletrabalho. A solução, segundo a psicóloga clínica, passa por pedir ajuda a familiares como os “irmãos mais velhos ou os avós que coabitam com os mesmos” para que a tarefa dos pais seja facilitada. Refere como essencial os pais criarem horários e “independência durante as horas letivas nas plataformas digitais”, realçando que “os pais não são a escola e não substituem os professores”.

Esta pandemia levou à mudança da metodologia de ensino, passando este a ser à distância. Salete Lima considera que inicialmente as crianças e adolescentes reagiram bem, pelo facto de “ser uma novidade” e por estes não terem consciência da exigência deste método de ensino à distância. Numa fase posterior, pensa que poderá ou já exista uma fase de desmotivação pelos estudos, uma vez que que o ensino é realizado à distância, “fora do ambiente de sala de aula”, e que nem sempre existe tempo para tirar dúvidas existentes nas plataformas digitais.

A psicóloga Salete Lima pensa que irá aumentar a procura de psicólogos, dado que os pais podem não ter capacidade de controlo da ansiedade e stress que esta pandemia pode causar aos seus filhos. Considera ainda que este confinamento não veio modificar somente as rotinas das crianças e adolescentes, pois também os adultos acabaram por ser vítimas deste isolamento. A procura da área da psicologia poderá à partida ser realizada pelos próprios pais, uma vez que devido aos vários papéis que assumem poderão correr o risco de “burnout e depressões”.

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