Museu do Rali. ” A disneyland dos adultos” abriu em Fafe

A cidade de Fafe inaugurou em junho de 2021 o único Museu do Rali em Portugal. O desenvolvimento do projeto levou cerca de um mês e contou com o apoio do Município de Fafe. Nesta cidade, conhecida como a catedral do rali, “existiu o propósito de criar esta atração do rali para representar claramente essa catedral”, tal como afirma o presidente do Museu, José Pereira. Os admiradores desta modalidade visitam a cidade para ver este desporto duas vezes por ano, mas podem passar a visitar de perto e com outros olhos, em qualquer altura, esta nova atração.

Reportagem de Érica Alves

A ideia deste projeto surgiu no Clube Automóvel de Fafe, a partir de “um grupo de amigos e entusiastas do rali”. “Sendo nós um clube automóvel ligado a este ramo, decidimos então pensar em representar a história do desporto automóvel criando um museu. Lançamos o desafio ao município e cá está o projeto realizado”, relata José Pereira. O Museu do Rali tem como objetivo principal criar emoções para os visitantes, realizando e criando sonhos, “costumamos dizer que somos a Disneyland dos adultos, onde podem vir saborear os seus carros, a beleza natural”, explica. Mas, além dos adultos, passa também por querer atingir outras idades, como é o caso dos jovens e crianças que começam a gostar deste meio.

Desde o início, como afirma o presidente do museu, que o projeto foi “muito bem montado e estruturado”. O Município de Fafe foi a principal ajuda para que tudo fosse realizado de forma exímia, pois “percebeu que era para engrandecer a história do desporto automóvel do rali, em particular em Fafe. Abraçou o projeto e deu- nos asas para termos instalações, criando o museu”, acrescenta o dirigente. Mas, no fundo, esta ideia pretende dinamizar o turismo de Fafe, tentando “criar novas parcerias na cidade, para se poder partilhar o comércio local. Neste caso, os visitantes que vierem ao museu, não ficarem apenas por aqui”, esclarece José Pereira.

Este Museu retrata a história do desporto automóvel do rali, tanto mundial, como nacional, “das próprias terras de Fafe por onde passa o rali, das marcas, dos pilotos, copilotos e até de patrocinadores”, afirma o presidente do clube. O Museu do Rali não tem particularidades por carros, nem marcas, não existindo competições entre colecionadores privados ou museus.

“Todos têm direito ao museu”

Os carros colecionados são de mecenas que habitualmente os expõem no Museu, sendo de proprietários tanto nacionais, como internacionais e sócios. Antes de serem apresentados, existe um processo de análise: primeiro, o de descobrir onde estão os carros de interesse histórico dos ralis; segundo, perceber que carro ainda falta expor neste espaço para completar a história e, por último, abordar o proprietário. “Apresentamos o Museu e convidamo-lo a pôr o carro aqui, pois nem todos estão recetivos a fazê-lo”, afirma José Pereira. A todos os que têm a disponibilidade de colocar o carro aqui, não são pagos quaisquer honorários, pela questão do princípio de “que o Museu é de todos e todos têm direito ao museu. Não pagamos, mas retribuímos de outras formas”, acrescenta.

Este museu tem a particularidade e caraterística de ser um museu vivo, onde todos os carros se mantêm operacionais, voltando sempre ao seu habitat natural, isto é, às classificações e ao rali, porque “este museu pretende passar emoções e histórias”. “As pessoas devem sentir o que estou a dizer”, confessa o presidente. Assim, os carros neste espaço são cuidados, tratados e acarinhados, para receberem as visitas de pessoas comuns e entusiastas.

25 carros em exposição

Na exposição, a maioria dos carros são dos anos 80 e 90, visto que é onde está a maior história, o legado do rali. “Os carros visíveis têm uma particular atenção ao tema que estiver a ser retratado durante aqueles dois ou três meses, para irmos assim enquadrando marcas e carros neste sentido”, explica José Pereira. Em média, o museu tem expostos 25 carros, tentando retratar todos os que andaram ou andem no campeonato do mundo e nacional do rali.

Os carros mudam regularmente, mas a entrada e saída é sempre gerida de forma rotativo. Ana Luísa, funcionária do museu, conta uma peripécia que aconteceu durante uma destas mudanças no meio de uma visita guiada: “Nós tínhamos o portão aberto e, em vez de pararmos a visita, começámos a empurrar os carros. Os avôs que estavam aqui começaram a tirar muitas fotografias e os netos entraram nos carros, começando a guiá-los. Notava-se a felicidade”. A partir deste momento, começaram a usar isto como uma atração, retirando os carros aquando da presença de visitantes.

Este museu tem o pormenor de incluir carros raros, como os dos grupos B, que “têm uma maior relevância para os visitantes, para o público em geral. O que mais fascina nesta coleção é a sua beleza natural, a sua raridade”, considera José Pereira. Mas nem todos necessitam de ter esta opinião, visto que, “cada visitante se pode identificar com um carro em particular”, acrescenta. Por isto é que o museu necessita de ter uma grande variedade de carros para poder ir ao encontro de vários tipos de preferências.

O presidente do Museu, José Pereira, revela que não tem apenas um carro de que goste mais. “Eu costumo dizer que é quase como um pai que tem 5 filhos e que lhe perguntam de qual gosta mais e eu respondo: gosto de todos. Aqui quase que me identifico com todos. Cada um tem um bocadinho de mim”, admite. Ana Luísa tem outra opinião. O seu carro favorito “sempre foi o Renault 5 turbo 2 que é um carro que nem está caracterizado para rali”, confessa.

Estratégia de turismo

Além de carros, no museu é possível saber mais sobre biografias e histórias de campeões do mundo, nacional e de grande importância no rali, tais como, Michèle Mouton, Carlos Santos, Markku Alén, Janica Clemente, entre outras caras conhecidas. O museu tem ainda uma pista de slot para os visitantes e uma basta biblioteca com bastante literatura relacionada com os ralis e os automóveis, para os visitantes poderem estar num momento de convívio.

Pista de slot

Desde a sua abertura, o museu tem recebido visitas de várias pessoas de destaque no mundo do rali. O que deixa mais impressionado o presidente é a facilidade com que, “numa cidade pequena como Fafe, são recebidas tantas pessoas estrangeiras, representantes e entusiastas importantes do desporto”. Em média, é maior a probabilidade de receber pessoas de fora do que propriamente da própria cidade onde se localiza o museu. Para Ana Luísa, este projeto foi “uma grande estratégia para trazer mais turistas a Fafe. No verão, principalmente, tivemos pessoas de Londres, Holanda, Luxemburgo, muita gente”.

As visitas guiadas funcionam de terça-feira a sexta-feira, das 15h00 às 18h00 e aos fins de semanas, das 15h00 às 19h00, através de marcações, podendo ser feitas individualmente ou em grupo. “Se vierem em grupo até têm a possibilidade de conhecer o Museu numa visita guiada gratuita, se forem acima de 10 pessoas”, explica José Pereira. Em média, cada visita guiada dura de 30 minutos a 1 hora.

Este é um projeto muito importante para José Pereira, do qual se orgulha muito. Mas, o que o deixa mesmo feliz é “poder partilhar este entusiasmo com outras pessoas que têm a mesma paixão”. No futuro novos projetos se avizinham, visto que este é um museu que está sempre à procura de “inovar, fazer melhor, fazer diferente”. “Nós temos sempre as expectativas muito altas”, admite com entusiasmo. A dinâmica da troca de carros faz com que ache uma obrigação permanente de lutarem para manter o museu em alta e com vida.

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