Juventude em alta voz: a nova geração e a política

A ideia de que de os jovens estão cada vez mais afastados da política não tem eco no distrito de Viseu, onde há exemplos que contrariam essa tendência. Entre militância partidária, iniciativas estudantis e participação cívica, há jovens que se envolvem ativamente na vida política local, demonstrando interesse, conhecimento e vontade de mudança. Afinal, a política também se faz com gente nova e com sotaque beirão. 

Por: Mariana Marcela

Uma das formas mais visíveis de participação política entre os jovens é através das juventudes partidárias. Em Viseu, estruturas como a Juventude Social Democrata (JSD), Juventude Socialista (JS), Juventude Popular (JP-CDS) e a Juventude do Bloco de Esquerda assumem um papel ativo na mobilização de novas gerações, procurando estimular o debate político e aproximar os jovens das decisões que moldam o seu futuro.  

Recém-eleita para a liderança da JSD concelhia de Viseu, Francisca Almeida acompanha de perto esta realidade e partilha a sua visão sobre o envolvimento juvenil na política local. 

Mobilizar jovens é um desafio com várias faces. A porta-voz da JSD fala-nos das dificuldades que o partido enfrenta e das ações que tem desenvolvido para promover essa participação. 

Nos últimos tempos, a JSD de Viseu tem reforçado a sua presença nas redes sociais, numa tentativa de se aproximar dos jovens e dinamizar o debate político entre as novas gerações. Este investimento na comunicação digital pretende superar algumas das barreiras tradicionais que afastam os jovens da política. 

Sede do PSD, em Viseu

“Redes sociais aproximam a política dos jovens”

Também na Juventude Socialista de Viseu há sinais de mobilização e de vontade de transformação. Maria Inês Silva, líder da estrutura concelhia, reconhece que existem desafios na mobilização dos jovens para a política, mas acredita que, com propostas concretas e a proximidade através das redes sociais é possível renovar o entusiasmo e reforçar o envolvimento cívico das novas gerações. 

A Juventude Socialista tem a igualdade de oportunidades como um dos seus princípios fundamentais. Este assunto ganha relevância quando se observa como os jovens vivem e sentem as diferenças que o contexto social pode impor.

Votar continua a ser uma das formas mais eficazes de participação política. Contudo, a taxa de abstenção entre os jovens mantém-se elevada, o que levanta dúvidas sobre as razões que os levam a afastar-se deste ato cívico fundamental. 

A ligação entre religião e valores tradicionais tem sido uma das marcas da Juventude Popular, atualmente liderada por João Nogueira, no distrito de Viseu.  

A relação dos jovens com a política tem vindo a evoluir, refletindo novas formas de envolvimento e expressão cívica. Em Viseu, este fenómeno levanta questões sobre a perceção que os jovens têm da política tradicional e as alternativas que procuram para participar. 

A forma como os jovens percebem a política influencia diretamente o seu nível de envolvimento. Muitas vezes, prevalece uma ideia de desconfiança ou de distanciamento em relação às estruturas institucionais. João Nogueira diz-nos o que mudaria na forma como os jovens olham para a política.

João Nogueira

“Defesa de causas progressistas aproximam os jovens”

No Bloco de Esquerda, José Miguel Lopes, membro da Comissão Coordenadora Distrital do partido em Viseu, partilha a sua visão sobre o que afasta os jovens da participação política ativa. 

Causas como os direitos LGBT, o feminismo ou a justiça social, defendidas pelo Bloco de Esquerda têm conquistado espaço entre os mais novos e ajudam a reforçar o interesse o seu interesse pela política. 

Em Viseu, o Bloco de Esquerda tem procurado novas formas de chegar aos jovens, através de iniciativas locais e temas que dizem respeito às suas preocupações. 

Sede do Bloco de Esquerda, em Viseu

Apesar dos obstáculos, do ceticismo e da abstenção que insiste em marcar presença entre os mais novos, há quem continue a acreditar que a política pode, e deve, ser um espaço de transformação. Em Viseu, entre militância partidária, participação cívica e causas que ganham força nas vozes juvenis, há sinais de que a mudança não é apenas desejada, mas construída por quem se recusa a ficar à margem. A política também se aprende, se debate e se vivencia com a participação ativa da juventude. 

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