“A proximidade é o coração do jornalismo”, diz a editora executiva adjunta do Jornal de Notícias

João Luís Campos, diretor adjunto do Diário de Coimbra, e Paula Ferreira, editora executiva adjunta do Jornal de Notícias, consideram que a proximidade é um fator de extrema importância no jornalismo, sobretudo em tempo de pandemia, no qual os leitores sentem uma maior necessidade de procurar informações de fontes fidedignas. Os jornalistas foram os convidados do segundo dia do EduCultura.

Por Maria Soares

Paula Ferreira, apesar de ser jornalista num órgão de comunicação nacional, admite que “a chave está na proximidade”. A editora executiva adjunta do Jornal de Notícias esclarece que os jornais procuram sempre abordar a matéria num ângulo local, tanto em assuntos nacionais, como em internacionais e acrescenta que o foco do jornalismo “é sempre aquilo que conhecemos melhor”.

Jornalista há 33 anos, Paula Ferreira admite ter esperança de que a proximidade leve à sobrevivência dos jornais em papel, que se encontram numa situação complicada devido ao crescimento da internet e dos meios audiovisuais.

João Luís Campos refere que é visível a proximidade com os seus leitores nos jornais locais e que é comum as pessoas ligarem para a redação, pois acham que a resolução dos seus problemas está nos jornais. “As pessoas têm um problema e ligam para o Diário de Coimbra à espera que nós ajudemos a resolver e isso é fantástico”, conta o jornalista.

Apesar de a proximidade ser um aspeto importante para ambos os jornalistas, João Luís Campos admite que é necessário saber dar aos leitores aquilo que eles querem saber. O diretor adjunto acrescenta que as pessoas, além dos acontecimentos locais, também se interessam por questões nacionais e internacionais e, portanto, os jornais locais precisam de informar os seus leitores sobre esses assuntos.

Numa época em que é possível encontrar facilmente informações em todo o lado e de maneira gratuita, Paula Ferreira afirma que o maior desafio dos jornais é “fazer alguma coisa diferente, que valha a pena comprar e que não esteja em todo o lado”, e acrescenta que com a chegada da internet o desafio tornou-se ainda maior. “Perder leitores é simples, mas conquistá-los é difícil”, lembra Paula Ferreira.

Jornalista há 23 anos, João Luís Campos refere que o facto dos jornais online começarem a apostar nos conteúdos online pagos é um grande caminho para o jornalismo voltar a uma fase mais consistente. Na sua opinião, é importante começarem, cada vez mais, a existir conteúdos online pagos, pois “vai obrigar os leitores a serem mais exigentes, ninguém vai estar a pagar para ler algo em que não acredita”.

Para além disso, João Luis Campos acredita que outro grande desafio dos jornalistas é criar um jornal que vá ao encontro aos diferentes interesses dos leitores. “O Diário de Coimbra tanto está de manhã na mesa do reitor de uma escola, como é lido no café por um trabalhador indiferenciado”, explica o jornalista.

Os jornalistas participaram no dia dedicada ao curso de Comunicação, no âmbito do EduCultura, um evento organizado pela Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Viseu.

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