Quem foi Yasser Arafat? O prémio Nobel, entre os reconhecimento da ONU e as acusações de direitos humanos

Mohammad Abdel-Rauf Arafat al-Qudwa al-Husseini, mais conhecido como Yasser Arafat é uma das figuras se não a figura central da luta palestiniana. Nasceu a 24 de agosto de 1929, algumas fontes indicam o Cairo, enquanto ele afirma que Jerusalém é a sua terra natal. Desde cedo, Arafat dedicou se à causa palestiniana, tornando-se o líder incontornável do movimento.

Por Carlos Alves

Do Medio Oriente até as Nações Unidas

Apesar de a mãe ter falecido quando ele era muito jovem com apenas 3 anos, ele não desistiu e mais velho consegui entrar na universidade do Cairo no curso Engenharia, onde liderou a União de Estudantes da Palestina. Em 1959 Arafat fundou o movimento Al-Fatah, braço armado da Organização de Libertação da Palestina (OLP).

O momento mais simbólico da liderança de Arafat ocorreu a 13 de novembro de 1974 quando discursou na Assembleia Geral da ONU. Foi a primeira vez que um representante do povo palestino participou neste fórum internacional. No discurso Arafat fez uma das declarações mais peculiares desta assembleia “Vim aqui com um ramo de oliveira numa mão e uma arma na outra. Não deixem que o ramo de oliveira caia da minha mão.”

Esta declaração tornou-se icónica, refletindo a dualidade de caminhos que de um lado a luta armada como meio de resistência e de outro o ramo de oliveira um símbolo da paz e da busca de uma solução pacífica. Foi neste contexto que a OLP ganhou o estatuto de observador na ONU e o reconhecimento como representante legítima do povo palestiniano.

O Reconhecimento rodeado de controversas

Nos anos 1990, Arafat começou negociações de paz com Israel, que culminaram nos Acordo de Oslo (1993), onde pela primeira vez foi acordada uma solução. A OLP reconheceu oficialmente o direito de Israel à existência, e Israel reconheceu a OLP como representante dos palestinianos. Em troca, foi criada a Autoridade Palestiniana (AP) um governo autónomo para os territórios ocupados da Cisjordânia e Gaza, do qual Arafat se tornou o primeiro presidente.

O Acordo de Oslo valeu-lhe um Prémio Nobel da Paz em 1994. No entanto, muitos palestinianos consideraram este acordo desvantajoso pois Arafat fez demasiadas concessões aceitando apenas 22% do território histórico da Palestina.

Apesar de em 1994, Arafat ter recebido o Prémio Nobel da Paz, 8 anos depois a Human Rights Watch acusou Arafat de permitir a atuação de grupos armados associados à Fatah e outras organizações que realizaram atentados suicidas contra civis israelitas. Entre 2000 e 2002, esses ataques mataram 415 civis e feriram cerca de 2.000 pessoas.

A Face privada de um líder polémico

Yasser Arafat foi conhecido por viver uma vida completamente dedicada à causa palestina, tendo mesmo que nunca permanecer na mesma habitação por mais que uma noite por motivos de segurança e afirmando repetidamente que “estava casado com a Palestina”. No entanto, surpreendeu o mundo ao casar-se em segredo em 1990 com Suha Tawil, uma palestina de ascendência cristã.

Sami Musallam também membro da OLP relata que Arafat quando não estava a trabalhar a sua única distração era assistir a desenhos animados “A única coisa que o presidente Arafat gostava de fazer fora de seu trabalho era assistir Tom e Jerry”

Apesar das críticas e das controvérsias, Arafat continua a ser uma figura central na história palestina, sendo amplamente lembrado como o “Pai da Nação Palestina”. O seu percurso simboliza tanto os avanços como as dificuldades de uma luta que permanece por resolver.

Arafat faleceu a 11 de novembro de 2004, em Paris, vítima de falência múltipla de órgãos. A sua morte teve envolvida em várias teorias sobre envenenamento que persistem até hoje. Após um funeral inicial que não respeitou os preceitos islâmicos, os seus restos mortais passado mais de 1 mês foram desenterrados e posteriormente reenterrados em Ramallah, de acordo com a tradição muçulmana.

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