Quem é a primeira mulher a candidatar-se ao cargo de primeira-ministra em Cabo Verde, que foi mandada “cuidar das panelas”?

Mãe, advogada, docente na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, ministra da Juventude, Emprego e do Desenvolvimento dos Recursos Humanos, presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).

Por Jucélia Freire

Janira Hopffer Almada nasceu no dia 27 de setembro de 1978, na cidade da Praia. Filha do político, escritor e jurista, David Hopffer Almada e da professora universitária Ana Maria Hopffer Almada.

Assim como muitos jovens cabo-verdianos, Janira Hopffer Almada viajou para Portugal para estudar, com uma bolsa de mérito que ganhou após concluir o ensino secundário. Licenciou-se em Direito e é pós-graduada em direito societário na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Após os estudos, como tinha a mesma paixão pela política que o pai, Janira Hopffer Almada seguiu o mesmo caminho. Trabalhou como advogada na D. Hopffer Almada & Associados e também como professora na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Em 2008, foi deputada municipal nas eleições autárquicas e mais tarde eleita à Assembleia Nacional de Cabo Verde.

Eleita líder do PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) no dia 14 de dezembro de 2014, liderou o partido precisamente no decorrer das eleições legislativas de 2016, tornando-se a primeira mulher a liderar o partido.  “Sou mulher, mãe, cidadã e estou na vida política por missão. O meu sonho é junto de cada cabo-verdiano, construir um Cabo Verde realmente para todos”, escreve Janira Hopffer Almada no seu perfil nas redes sociais.

Mesmo após muitas conquistas e depois de se tornar a primeira mulher candidata ao cargo de primeira-ministra de Cabo Vverde, Janira Hopffer Almada sofreu ataques machistas através de um vídeo publicado na internet onde um cidadão dizia o seguinte para a multidão: “Trabalho de mulher é cuidar dos filhos, das panelas e não do poder do país”. Em resposta ao jornal A Semana, a ministra da Juventude, Emprego e do Desenvolvimento dos Recursos Humanos disse que há também um certo machismo feminino: “a rejeição da mulher em certos cargos não acontece só por parte dos homens! Em Cabo Verde existe um certo machismo feminino”, conclui a advogada.

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