Jornal da Bairrada: 70 anos de história requerem esforço para acompanhar a evolução
O Jornal da Bairrada já conta com 70 anos de história. Fundado por 10 homens em 1951, nasce como um quinzenário passando a semanário em janeiro de 1989. Inicialmente tinha 12 páginas, mas nos dias de hoje tem uma média de 40 a 48, mas não se fica por aqui. Mudam-se os tempos e os meios de comunicação adaptam-se às novas tecnologias e o JB não é exceção. As edições em papel continuam, mas já chegaram também ao digital, diariamente atualizam o seu site e têm presença assídua nas redes sociais.
Reportagem de Tatiana Gonçalves
Oriana Pataco é a atual diretora do Jornal da Bairrada, é através das suas palavras que hoje vamos conhecer um pouco melhor a dinâmica que se vive por detrás de um dos principais órgãos de comunicação da Bairrada.
70 anos de história requerem um grande esforço para acompanhar a evolução e o ritmo da atualidade. “O digital faz, hoje, parte integrante do nosso dia a dia. A nossa preocupação deixou, há muito tempo, de ser apenas com a edição impressa, mas assenta cada vez mais em aliar o trabalho edição em papel/site e redes sociais”, afirma a jornalista. O digital veio também permitir um contacto quase imediato com os leitores “hoje, já não precisamos de esperar uma semana para informar os leitores de um acidente, de uma inauguração ou de qualquer outro acontecimento. Podemos fazê-lo através de uma notícia no site ou até de um direto na página de Facebook”, confessa Oriana Pataco.
No Jornal da Bairrada as semanas são de quarta a terça-feira e imprevisibilidade é a palavra-chave para o dia-a-dia. “Os jornalistas tanto estão na redação, como vão para serviços agendados, como de repente têm de sair para alguma reportagem imprevista, como um incêndio, um acidente ou outro acontecimento”, conta a diretora.
Com uma equipa de dez profissionais, o Jornal da Bairrada conta com quatro jornalistas, duas paginadoras, duas comerciais e duas administrativas. Devido à pandemia atualmente a dinâmica de trabalho é diferente, mas o objetivo continua a ser o mesmo: fazer com que o jornal continue a chegar. “Neste momento, desde o início da pandemia da Covid-19, estamos em teletrabalho ou a trabalhar em equipas-espelho na redação, mas mantendo constante intercomunicação, de forma que o Jornal da Bairrada continue a chegar, todas as quintas-feiras, às bancas e à caixa de correio dos nossos assinantes”, explica Oriana Pataco.
A atual diretora reforça a ideia de que o principal compromisso deste semanário regional são os seus assinantes e leitores, mas também pugnar pelos legítimos e verdadeiros interesses nacionais e da sua região.
Questionada sobre uma das maiores diferenças entre um órgão de comunicação de proximidade e um nacional, a atual diretora foi muito objetiva e a apontou a própria “proximidade” como a grande vantagem. “Um jornal regional conhece os ““personagens”” das suas estórias, conhece bem todos os lugares e dá voz aos que, de outra forma, não conseguiam fazer-se ouvir. E, na verdade, relatamos estórias que, muitas vezes, servem elas próprias de fonte aos órgãos de comunicação nacionais que, por estarem distantes, não têm outra maneira de as conhecer”, refere a jornalista.
Contudo, a “proximidade” é também apontada como uma desvantagem. No sentido em que se conhecem as pessoas que muitas vezes são noticiadas, o que depois pode causar constrangimentos e inimizades, mas como afirma Oriana Pataco “temos de nos consciencializar de que mais vale perder um amigo do que deixar de divulgar ou denunciar uma situação”.
A diretora e jornalista desde cedo demonstrou o seu gosto pela leitura e pela escrita e aliado ao facto de achar que “todos temos a obrigação de deixar o mundo um bocadinho melhor”, escolheu o jornalismo.
“Não sei se isto passa um bocadinho pela cabeça de todos, mas eu olhava para os jornalistas como aqueles heróis sem capa que, quais justiceiros, têm a missão de denunciar o que é mau ou está errado e enaltecer o que é bom ou está certo, contribuindo assim para mudar o mundo. E, nessa ilusão, formei-me em Jornalismo”, confessa a jornalista.
Licenciou-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e estagiou em Lisboa na RTP. De regresso a Coimbra colaborou no extinto Jornal de Coimbra e sentiu que precisava de mais formação prática, inscrevendo-se no curso anual do Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas que lhe permitiu estagiar na TVI. Findo o contrato com a TVI viu-se obrigada a voltar para a sua terra, um pouco desiludida com o seu destino decidiu mudar o rumo da sua vida. Oriana Pataco confessa que pensou mesmo em desistir do jornalismo.
Nas voltas que a vida muitas vezes dá surgiu uma inesperada proposta, o convite para se tornar sócia de um jornal regional com sede em Anadia, o Região Bairrandina, ocupando por 2 anos o cargo de diretora. Foi então em 2008 que surgiu a oportunidade de trabalhar no Jornal da Bairrada como chefe de redação, atualmente assume o cargo de diretora desde 2014.
O Jornal da Bairrada conta com uma tiragem de 7000 exemplares por semana, sendo que 5500 são assinantes em Portugal e no estrangeiro. Saiu premiado em novembro de 2014, com o Prémio Gazeta Imprensa Regional 2013, atribuído pelo Clube de Jornalistas.