Rádio Botaréu, “a rádio mais portuguesa de Portugal”
A rádio, que foi fundada por estudantes em Águeda, celebrou 35 anos na semana passada, e espera um dia ser a rádio local mais ouvida da zona litoral centro.
Reportagem de Ana Francisca Oliveira
A Rádio Botaréu surgiu em 1986, por estudantes da Escola Secundária Adolfo Portela, em Águeda, e continua a ser uma rádio local. Com o slogan “a rádio mais portuguesa de Portugal”, distingue-se pelo seu conteúdo 100% português, e é agora uma das mais ouvidas da cidade. Lino Vinhal, formado em Direito pela Universidade de Coimbra e diretor do Grupo Media Centro, é o atual diretor. No Grupo estão incluídos também a Rádio Regional do Centro, a Rádio Soberania, o Jornal Despertar, o Jornal Beira Vouga, entre outros.
A meteorologia local, música portuguesa e notícias locais são alguns dos conteúdos principais da rádio, sendo que esta se foca algumas vezes em notícias nacionais de elevada importância e relevância para a população.
Sónia Martins, uma dos três funcionários da rádio, afirma que “é difícil manusear o tempo, o dia é muito stressante”, visto que a emissora tem apenas um jornalista, Ricardo Abrantes. Todos os programas são escritos, editados e relatados por este, sendo que se desloca ao local poucas vezes. Sónia Martins acredita que o maior desafio de uma rádio local é poder estar presente em todos os eventos e convites, uma vez que muitos destes são à mesma hora e no mesmo dia, mas garante que o gosto pela rádio e pela transmissão de informação é a maior vantagem de trabalhar numa rádio local.
Poder dar voz à população local é o principal objetivo dos trabalhadores desta rádio. Com o avanço da pandemia de COVID-19 e com uma grande preocupação pela saúde dos seus ouvintes, a rádio assegurou diariamente a divulgação do número de infetados, de surtos e do número de óbitos, fazendo também programas para garantir a companhia a todos os que estavam em confinamento em casa.
O jornalista, Ricardo Abrantes, trata de todo o conteúdo que a rádio emite. Vai para o terreno sempre que pode, vai à procura de informação e depoimentos da população local. Em termos de pesquisa de informação nacional é mais fácil o acesso a esta, mas o mesmo não pode ser dito para o jornalismo local e de proximidade. “A informação não cai diretamente na caixa de correio, por vezes temos que ligar cinco ou seis vezes para conseguir um depoimento e um RM de 30 segundos”, afirma Sónia Martins. RM, ou Registos Magnéticos, são pequenos excertos sonoros de informação obtidos pelo jornalista.
Parte do dia do jornalista é passado a recolher informação, depois a prepará-la e a editá-la. Por fim, é transmitida nos programas e noticiários. Para além disso, as redes sociais da rádio também são atualizadas diariamente. Ter conhecimentos em todas as áreas, seja cultura, política ou desporto é algo que o jornalista local também tem que possuir, de forma a poder abranger todo o tipo de informação e conteúdo, o que torna o trabalho ainda mais desafiante.
O dia-a-dia torna-se muito stressante e trabalhoso, mas a gratificação por parte da população, sentida pelos trabalhadores da rádio, faz com que tudo valha a pena. Um dos objetivos é aumentar o número de trabalhadores, para que cada um possa exercer apenas uma função dentro da rádio. Assim será possível a abrangência de mais assuntos, eventos e notícias, sempre em formato local. Permitirá também a especialização de cada jornalista numa determinada área da comunicação.
Por fim, o maior conselho da rádio para estudantes de jornalismo e comunicação social é manter sempre a imparcialidade e ir para o terreno sempre que possível. Não acreditar nem ser influenciado pelo que está no ecrã, mas encontrar a magia e a paixão pelo jornalismo no contacto direto com as fontes. Não ter medo de cometer erros, nem do trabalho extra, entrar em contacto com o real, com o mais interessante e bonito, que nas palavras de Sónia Martins “é o que mais dá satisfação no fim do dia, dá vontade de fazer mais”.