Faleceu o capitão de Abril Gertrudes da Silva

Morreu no dia 10 de outubro, em Viseu, aos 75 anos, Diamantino Gertrudes da Silva, Capitão de Abril, que à data da Revolução dos Cravos comandou as tropas sublevadas idas de Viseu para Lisboa, com as companhias de Aveiro e da Figueira da Foz, e que na marcha gloriosa teve a seu cargo a tomada da prisão de Peniche.

Gertrudes da Silva era natural de Alvite (1943), concelho de Moimenta da Beira. Para o presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, José Eduardo Ferreira, era “um dos nossos maiores cidadãos, com um percurso de vida imaculado e um gosto especial por tudo o que era nosso”. O autarca destacou ainda a “grandeza e nobreza de vida e de espírito” de Gertrudes da Silva, endereçando à família as mais sentidas condolências.

“Foi uma figura decisiva na História do nosso país, um dos responsáveis pelo fim da ditadura em Portugal”, recorda o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, que promete levar a aprovação de um voto de pesar à próxima reunião do Executivo.

O autarca não esquece também a “disponibilidade permanente” de Gertrudes da Silva para participar em iniciativas promovidas pela Câmara Municipal e pela Assembleia Municipal de Viseu.

Almeida Henriques sublinha que, ainda em vida, Viseu reconheceu o papel determinante deste e outros ilustres Capitães de Abril, tendo perpetuado os seus nomes na toponímia da cidade – a Avenida dos Capitães de Abril.

Gertrudes da Silva faleceu graduado de coronel das Forças Armadas, mas ficou para sempre a memória do Capitão de Abril, Herói de Abril. Ingressou na Academia Militar em 1963, seguindo a carreira de Oficial do Exército na Arma de Infantaria. Cumpriu duas comissões na Guerra Colonial, a 1ª em Angola e a 2ª na Guiné.

Integrou o Movimento das Forças Armadas, tendo-lhe sido conferido aquela missão relevantíssima para o sucesso da Revolução de Abril. A sua coragem (e espírito de missão patriótico) foi distinguida com várias condecorações de âmbito especificamente militar, sendo ainda agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pela sua particular participação no Movimento do 25 de Abril de 1974.

Dois anos depois da Revolução dos Cravos quis obter ferramentas que lhe permitissem compreender melhor a evolução histórica, matriculando-se em 1976 na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, concluindo a licenciatura em História em 1980.

 Desenvolveu nas últimas décadas uma intensa atividade cívica através da apresentação de comunicações, em várias instituições, nomeadamente nas escolas.

No campo literário desenvolveu também intensa atividade, tendo publicado uma trilogia inspirada nas suas vivências da guerra colonial (“Deus, Pátria e… A Vida”, Palimage 2003; “A Pátria ou a Vida”, Palimage 2004; e da Revolução do 25 de Abril “Quatro Estações em Abril”, Palimage, 2007). Para além disso publicou ainda “Tempos sem remissão”, Palimage, 2011, livro de saborosa escrita aquiliana por onde perpassam sagas familiares da terra onde nasceu em tempos de Estado Novo.

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