Inovação e criatividade foram o rosto do Mark’it
O evento, organizado pelos estudantes de Marketing do Instituto Politécnico de Viseu (IPV), teve duas partes distintas. As apresentações dos projetos dos académicos e as palestras de três personalidades. “Casa e Jardim” foi o tema da edição deste ano, que decorreu no dia 29 de maio.
Copos com capacidade de preservar a bebida fresca durante mais tempo, candeeiros inspirados em árvores ou casotas para animais de estimação com possibilidade de o dono saber tudo através de uma aplicação móvel. A inovação e criatividade foram o rosto dos projetos apresentados pelos alunos do 2.º ano da licenciatura de marketing da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu (ESTGV), com a colaboração dos estudantes de Tecnologia e Design de Mobiliário e Gestão industrial.
“Nós pensamos que está tudo feito, mas não está. Os alunos de marketing do IPV demonstraram isso muito bem. O marketing é ser criativo e eles aqui têm um sentido criativo excecional”, destaca António Félix, ex aluno do curso e um dos cinco elementos do júri.
O projeto vencedor foi uma mini horta, em formato de ovo, capaz de produzir plantas no interior de uma casa de forma autónoma. Para isso, basta colocar uma cápsula com a semente e o substrato, e posteriormente adicionar água. O produto foi concebido, principalmente, para as pessoas que habitam nas cidades, devido às dificuldades naturais no fabrico dos seus próprios legumes no meio citadino. O protótipo apresentado pela equipa “Ingarden” recolheu o maior número de votos do público presente na Aula Magna do IPV. A equipa responsável pelo projeto Smartpet ficou em segundo lugar e o terceiro lugar foi ocupado pelos criadores do Ónus.
Em consonância com os projetos apresentados, Pedro Dias, CEO da Piranha Global, falou sobre a importância da inovação e perseverança no mundo dos negócios. Atualmente, a empresa de Pedro Dias tem 6 mil clientes, 30 distribuidores em todo o mundo, regista um crescimento na ordem dos 10% em 2018 e ganha prémios nos concursos da EPDA (European Brand and Packging Design Association). O sucesso global atingido pela empresa deve-se em grande parte à aposta nos seus próprios produtos.
“A criação de uma luva exclusivamente para os profissionais das tatuagens foi a nossa primeira aposta. Hoje em dia vendemos 12 contentores de luvas por ano. A nível de mobiliário técnico (bancadas de trabalho) fomos os primeiros a produzir em Portugal, sendo que também fomos pioneiros na criação de produtos tecnológicos para a indústria”, afirma.
O segredo da Piranha Global está, principalmente, na persistência, inovação e na qualidade. Nesse sentido, o orador deixou um conselho aos alunos. “Não desistam à primeira adversidade. No meu caso tinha tudo contra mim. A cidade, o mercado e a família. Mas as ideias estavam na minha cabeça e ninguém as ia demover. Não desistam dos vossos sonhos”, afirma.
Perceber porque é que as pessoas compram os produtos Piranha e não de outras empresas, por exemplo, é um campo onde a neurociência assume particular importância. Para isso, é fundamental conhecer o consumidor da empresa em questão, relacionando três vetores: “Inteligence, foco e as ferramentas da neurociência, que nos ajudam a perceber como as pessoas reagem perante o estímulo, pois não existe um botão da compra”, refere Julien Diogo, representante da Psicosoma.
O comunicador exibiu exemplos práticos de como é importante estudar minuciosamente o consumidor. Com o objetivo de aumentar as vendas de um modelo da Chevrolet na Malásia, a Psicosoma procedeu a algumas alterações no site da marca. Mudaram os tamanhos de outros modelos, ordenaram os preços de outra forma e alteraram a cor do carro em questão para vermelho, enquanto os outros se mantiveram brancos. As alterações levaram a um incremento de 14% nas vendas do produto. “Não existe uma fórmula mágica. Cada caso é um caso. Diminuímos o tamanho de carros que na realidade são maiores e alteramos a cor para vermelho por uma questão de crença cultural”, explica.
O painel de oradores ficou completo com a participação de Diogo Mendes, representante da “U.Dream”, uma organização que realiza sonhos de crianças em estado terminal, ou com doenças que as impossibilitam de ter uma melhor qualidade de vida. O projeto começou no Porto, mas atualmente estende-se às cidades de Braga e Aveiro. “É um sonho de estudantes, para deixarmos uma marca bonita no mundo. Temos de garantir que o futuro vai ser melhor”, afirma Diogo Mendes.
Apresentado por Bárbara Meneses e Fábio Araújo, a 6.ª edição do “Mark’it”, tal como em anos anteriores, teve uma vertente solidária. Os 300 euros arrecadados com o evento foram doados à “U.Dream”.
Texto e imagem: João Miguel Carvalho