Joana Mortágua, a filha de abril que marca a atualidade política

Joana Rodrigues Mortágua nasceu a 24 de junho de 1986 em Alvito no município de Beja. Filha do antifascista Camilo Mortágua, exilado no Brasil e em França, é deputada na Assembleia da República. Nunca foi rebelde e nunca teve uma educação exigente, no entanto mostra ter um punho firme nas questões políticas que defende.

Por Inês Sousa

É uma das principais figuras da direção do Bloco de Esquerda, integrando a sua comissão permanente. Eleita deputada pela primeira vez em 2015 e eleita vereadora na Câmara Municipal de Almada em 2017, Joana Mortágua marca a atualidade política com as suas visões e ideias de esquerda. Quanto às áreas de atuação, insere-se na educação, direitos humanos e sociais e política feminista.

Em 2016, quando foi interrogada acerca do que faltava na educação, a deputada respondeu ao jornal Público: “Uma das nossas batalhas, que é das mais imediatas, é o ensino especial. Há lacunas enormes na educação dos alunos com necessidades educativas especiais. Existem meninos excluídos do direito à educação por falta de apoios.”

O pai, Camilo Mortágua, que também é conhecido no mundo político fala de Joana com orgulho e admiração. A deputada é conhecida na família por gostar muito de trabalhar com as ideias e ser intuitiva e espontânea.

Joana Mortágua interessou-se pela política desde cedo, quando tinha apenas 13/14 anos e andava no ensino básico. Em casa durante as refeições era habitual discutir-se assuntos políticos à mesa, e a educação que o pai lhe deu despertou-lhe o bichinho essencial para entrar neste mundo. “O meu pai não contava muitas histórias. Não sei o que me influenciou mais, se foi o ativismo dele ou se foi a perspetiva que foi passando em casa, de que devemos ser inconformistas em relação a um conjunto de coisas que não estão bem na sociedade. Não podemos ver qualquer tipo de normalidade em coisas que estão mal, em coisas injustas como a pobreza ou o desemprego. Sempre me incentivou para perceber o que está errado”, diz a Joana Mortágua ao Público.

O facto de ter uma irmã gémea e que também está no mundo político, Mariana Mortágua, faz com que muitas vezes sejam confundidas na rua. No entanto, Joana Mortágua sempre se mostrou tranquila e habituada à exposição que tem tanto no dia a dia com nos meios de comunicação social.

Empenhada em defender causas democráticas, Joana Mortágua, que é uma revolucionária e feminista não esquece que “a democracia precisa de pão, habitação, saúde e educação”, como disse à revista Visão.

A deputada considera-se uma “fadisteira” e na sua estante lá de casa tem os livros de Amália Rodrigues, uma das caras mais emblemáticas do fado que é património português. Em tom de brincadeira, Joana Mortágua esclarece ao jornal Satélite: “Acham que quem gosta dos fados é fadista. O problema é que se eu disser que sou fadista as pessoas pendem-me para cantar e, portanto, digo que sou “fadisteira” que é para não haver confusão. Para não haver esse risco”.

 A paixão pelo fado surgiu por causa do seu avô e da relação do estilo musical com o canto alentejano.

Joana Mortágua é então uma mulher repleta de ofícios, dividindo o seu dia entre a política, os encontros de família e o fado.

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