Rui Tavares, político, 100% boomer e com três famílias no código genético
Rui Miguel Marcelino Tavares Pereira, mais conhecido como Rui Tavares, é ativista, escritor, tradutor, historiador e político português. É deputado na Assembleia da República e Porta-voz do partido Livre, sendo um dos seus fundadores em 2014.
Por Carolina Ferreira
Tem 52 anos e nasceu em Lisboa, mas o Ribatejo tornou-se a sua segunda casa ainda na infância, onde cresceu no meio dos livros e do campo. É o último de 5 filhos e aprendeu a viver numa família onde o dinheiro era contado. Herdou o gosto pela História da mãe, profissão que decidiu seguir, até porque “era o que ela queria ter sido”. A veia política também esteve sempre presente, pois quando vinha da biblioteca da Penha de França, em Lisboa, Rui ouvia os mais adultos a falar de política.
“Fomos sempre de esquerda”, lembra a mãe, que percebeu logo que o seu 5º filho também se interessava pela política. Rui Tavares acredita numa esquerda mais madura e que inclua novos temas que antes não eram temas tradicionais desta ala política, como a ecologia, a Europa e os direitos humanos. Bases com que fundou o partido Livre com Ana Drago e outras figuras, que mais tarde se tornaram bandeiras do partido.
Começou a sua vida político-partidária como eurodeputado independente eleito pelo Bloco de Esquerda, mas foi em 2019 que chegou à Assembleia da República, como deputado único do partido livre. No entanto não foi Rui que estreou a cadeira do livre na Assembleia, a estreia foi traumática, com Joacine Katar Moreira, que acabaria por abandonar o partido.
O seu crescimento eleitoral sustentado é notável em tempo de crise no espaço da esquerda em Portugal. Mas ainda assim, este ano de 2024 ficou à porta do Parlamento Europeu, não conseguindo eleger o seu candidato, umas eleições polémicas, por causa do seu sistema de primárias abertas para a escolha de candidatos. Foi o único partido em Portugal a fazer primárias abertas para a escolha de candidato às eleições europeias, podendo candidatar-se qualquer pessoa, um princípio das próprias primarias.
É criador de um podcast “Agora, Agora e Mais Agora” numa coluna do jornal a Folha de S. Paulo, onde discute temas contemporâneos sob uma perspetiva do passado em temas semanais.
O político que “até me linguagem corrente consegue ser erudito” com as suas três famílias genéticas
Em jeito de curiosidade, de acordo com a entrevista que deu a Guilherme Geirinhas, na sua série “Bom Partido” onde entrevistou os vários candidatos das eleições legislativas, Rui Tavares já praticou capoeira “e mal”, segundo o mesmo. Além disso diverte-se muito a tocar trombone, instrumento que comprou a pensar que seria ideal para afugentar a depressão.
Diz não ter vergonha de ouvir Ferro Gaita e Funaná e gosta de ouvir ainda Rosalía.
Segundo Guilherme Geirinhas, “até me linguagem corrente consegue ser erudito”, diz o humorista a prepósito do deputado saber a origem da palavra “bués” e ainda contar que se começou a usar quando ainda estava na escola secundária.
É benfiquista com uma simpatia pelo Sporting, porque o pai tentou que se convertesse, no entanto tinha um tio que foi campeão nacional de ciclismo pelo Benfica nos anos 50, convertendo todos os sobrinhos ao clube. E gostava ainda que quando morresse tivesse direito ao voto de pesar que todos os deputados têm e um minuto de silencio, mas com uma particularidade, gostava que esse minuto de silêncio fosse o minuto de silencio mais barulhento da história. Onde se esquecessem do telemóvel ligado, onde tossissem imenso, um que tivesse incidentes, galhofas, chalaça, insulto. E ainda acrescenta “Isso é que seria um bom minuto de silencio adequado a um deputado que morreu.”
Admite gostar bastante do lado de “desordem que é às muito divertido e ainda bem que é, nos trabalhos parlamentares. Há um lado teatral que é muito interessante.”
Assume-se 100% boomer e com orgulho e todo o seu legado das suas três famílias no seu código genético, os Tavares que são os sisudos, os Marcelinos são os contadores de histórias e os Pereiras que são os choramingões.