Perfil. Marta Temido: a “Senhora-Covid” que chegou ao Parlamento Europeu
Bem-disposta, empática, enérgica, risonha e resiliente. Assim é descrita Marta Temido, de 50 anos. Com um mandato pautado de polémicas, hoje é a eurodeputada portuguesa com mais destaque no Parlamento Europeu, apesar de, por muito tempo não se ter considerado uma política, porque chegou “tarde à vida pública”.
Por: Ivone Simões
Marta Alexandra Fartura Braga Temido de Almeida Simões nasceu em Coimbra, a 02 de março de 1974, mesmo a tempo de usufruir em pleno da liberdade conquistada com o 25 de abril. Filha de uma professora de Português e História e de um magistrado do Ministério Público, viveu uma vida itinerante atá aos 12 anos, por força do trabalho dos pais. Era apaixonada pela leitura e garante que livros nunca lhe faltavam em casa. Sonhava ser jornalista, mas formou-se em Direito. Na montanha russa de decisões tomadas ao longo da vida, decidiu ficar pela estação da saúde. É doutorada em Saúde Internacional, foi administradora hospitalar durante vários anos e subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa.
Em 2018 foi convidada por António Costa para assumir funções como ministra da Saúde, cargo que orientou a sua carreira política por 4 anos, até pedir a demissão na madrugada de 30 de agosto de 2022, após o polémico caso da mulher grávida que perdeu a vida pela falta de vagas no serviço de neonatologia no Hospital de Santa Maria.
Foram várias as polémicas que pautaram o percurso de Marta Temido enquanto Ministra da Saúde, tendo sido uma das mais marcantes as declarações sobre a necessidade de contratar profissionais de saúde “mais resilientes”, considerada pelo Sindicato Independente dos Médicos como uma “imperdoável ofensa”.
É impossível falar sobre Marta Temido sem falar sobre a pandemia de Covid-19. A forma empenhada e a dedicação prestada permitiu que conquistasse a simpatia dos portugueses. Em conversa com Guilherme Geirinhas, para o programa Bom Partido, admite que gostaria de se ter emocionado menos quando fazia as declarações diárias em época de pandemia: “Se eu pudesse evitar tinha evitado. Porque dá a sensação que és frágil e que a situação está a piorar”.
Apesar das diversas adversidades enfrentadas no mandato em plena pandemia, admite que o cargo de eurodeputada é possivelmente “o maior desafio” da sua vida.
Marta Temido confessa que um dos pontos positivos de ser ministra era o facto de “ter mais tempo para fazer as coisas que lhe davam prazer”, até ser confrontada com a ironia de ter de parar de fumar “por não ter tempo”.
A eurodeputada admite que já pediu receitas médicas sem consulta à irmã que é médica e fecha os olhos quando têm de fazer análises ao sangue. Quando está irritada, costuma ouvir o hino da CGTP-IN e confessa-se uma “viajante chata” e que gosta mais do planeamento da viagem do que da viagem em si.