Qualidade de vida? Viseu mostra que é possível no primeiro congresso da especialidade – Live’s 24
A qualidade de vida é um conceito subjetivo que depende de cada um de nós, dando a segurança, a saúde, o clima e o poder de compra como índices para, individualmente, avaliarmos a qualidade de vida.
Por: Pedro Cruz*
A presidente da comissão de ética do Instituto Politécnico de Viseu, Maria João Lima foi a primeira a falar e referiu que existem valores normais e de condução que nos levam ao bem-estar coletivo, embora não sejam critérios absolutos, são critérios que cada um se serve deles para se satisfazer da melhor forma. Para sustentar esta sua ideia, faz referências a importantes filósofos, tais como Kant e Descartes. A presidente gostaria que “fossem promovidas discussões acerca das novas tecnologias”, podendo ser um pilar para a melhoria dos acessos e dos bens essenciais, repensando os padrões de consumo que ultimamente a sociedade tem assumido. Refere ainda que para termos uma boa qualidade de saúde, acredita que não nos devemos reger por uma vida assumidamente materialista, que não trará felicidade a ninguém.
O professor José dos Santos Costa, presidente do IPV (Instituto Politécnico de Viseu), numa breve passagem do presidente pelo palco, deixou antever que o instituto no próximo ano poderá mudar de nome devido à evolução do percurso institucional que tem sofrido nos últimos anos, passado a palavra ao professor da ESEV Miguel Midões, mediador deste congresso, que deu as boas-vindas a Klaus Heeger, secretário-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos Independentes. O secretário informa que, neste momento, o projeto da CESI conta com 6 milhões de afiliados. “A qualidade de vida é um dos problemas”, foram umas das primeiras palavras do secretário, que mostrou preocupação pela forma como a sociedade vive neste momento, como por exemplo as alterações climáticas, e a forma de proteger o que é nosso e de “como ter um mundo melhor”.
A principal preocupação da União Europeia é o “futuro da Europa”, como é que será a Europa daqui a uns anos?, questiona e responde que o pretendido que seja um espaço de inclusão para todas as pessoas. “A União é fundada em valores do respeito pela dignidade humana, liberdade, democracia, igualdade, as regras do Direito e o respeito pelos direitos humanos, incluindo o direito os direitos das pessoas que pertencem a minorias”.
O futuro da Europa poderá passar pelo progresso digital, no entanto sustentável para todos, criar um self lock europe, algo que se autossustente graças ao empenho de todos.
Klaus Heeger afima que a Comissão Europeia está empenhada na estabilidade económica dos seus países, pretendendo investir mais dinheiro no respeito dos direitos humanos, pensando na sociedade e nas crianças, planeando gastar 1.5 triliões de euros em investimentos em instituições públicas, conseguindo criar um mercado mais competitivo. “Não deveremos sofocar as pessoas” foi última frase dita pelo secretário, antes de Rui Nunes, diretor do Centro de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, começar a falar.
A bioética e qualidade de vida são conceitos sobre o amor pela vida, o amor pelos outros pela sociedade, um movimento global que pretende firmar uma solução diferente de como apreciamos a vida humana. “A Europa afirma valores da bioética, no entanto, com os avanços tecnológicos, ameaça-os”, por isso está posto em cima da mesa a criação de um regulamento sobre a inteligência artificial, o que dará um sinal a todo o mundo.
A felicidade humana é regulada por condições sociais, num modelo bem robusto e financiado, garantindo acesso aos bens básicos, à vida animal, à biodiversidade, criando um bom mundo para as gerações futuras.
Numa altura em que a plateia estava mais calada, Miguel Midões aproveita para perguntar ao convidado sobre a intenção do ser humano em querer sempre mais do que o pode ou necessita, recebendo como resposta que “o ser humano é um animal inquieto, que se quer sempre superar, alcançar mais do que pode e o que tem”, e que “não é tolerável comprometer a vida de terceiros”,.
O segundo painel foi encabeçado por Homero Reis, psicanalista, escritor e coach. O seu trabalho, que resumiu via online, baseia-se na inteligência relacional.
Já o médico João Gaspar e presidente da assembleia geral da Associação Portuguesa da Qualidade de Vida, afirma que a qualidade de vida é um conceito subjetivo que depende de cada um de nós, dando a segurança, a saúde, o clima e o poder de compra como índices para, individualmente, avaliarmos a qualidade de vida. As pessoas querem ter alta qualidade de atendimento, querem um bom clima, bons dias de sol e boas infraestruturas hospitalares, estes são alguns dos possíveis desejos das pessoas para uma boa qualidade de vida.
Contudo, alerta que apesar de Portugal ser um país que permite tudo isto, também é um país com salários baixos, habitação cara e uns dos poderes de compra mais baixos da UE, mas que, no entanto, tem um custo de vida moderado, bons transportes e uma alimentação acessível, tendo com perspetivas futuras o crescimento no setor tecnológico, maiores investimentos nas infraestruturas, desenvolvimento no turismo, etc.
O último painel foi com a prata da casa, pois duas docentes do IPV apresentaram estudos sobre a qualidade de vida. Um relacionado com a saúde oral e outro com o e-nursing na artrite reumatoide.
*Aluno do 1º ano de Comunicação Social