“O meu avô não sabe as estações do ano”. O Alzheimer pela lente de uma criança
No próximo sábado, dia 18 de maio, às 16h00, será apresentado na Fnac, em Viseu, o livro “O meu avô não sabe as estações do ano” da autora Alexandra Brás, natural de Viseu. Um livro que aborda a doença de Alzheimer vivida pelo pai da autora.
Por: Carolina Ferreira e Inês Sousa
“O meu avô não sabe as estações do ano” nasce da necessidade de Alexandra explicar à sua filha Rita, de 9 anos, o que se passava com o avô, pessoa a quem sempre foi muito chegada e que considerava “a sua pessoa”, como conta a autora, que decidiu explicar a situação à filha de forma leve por esta ser uma criança.
Alexandra Brás confessa que o pai começou a dar os primeiros sinais da doença há cerca de 3 anos, apercebendo-se de que algo não estaria bem. “As refeições começaram a ser mais silenciosas”, revela a autora, enquanto explica que o pai era uma pessoa muito comunicativa.
Como o seu pai gostava muito de contar histórias de quando era novo, a autora começou a pensar que seria interessante guardar algumas, nascendo daí a necessidade de ajudar a filha a preservar as memórias e as histórias do avô.
Alexandra revela que o título do livro surgiu devido a um episódio que aconteceu durante o verão: “estávamos em julho/agosto e o meu pai queria vir para a rua com um casaco polar.” A filha acabou por ser uma parte muito importante e integrante da terapia, por olhar para as várias situações do dia a dia com a mesma leveza que o avô: “se o avô quer ir com um casaco polar, vai com um casaco polar, alias eu também vou buscar um e vou com ele para a rua”.
O livro foi publicado pela editora Oficina da Escrita, que se mostrou logo desde o início interessada na história: “eles leram a história e realmente perceberam qual era o meu propósito”, confessa Alexandra Brás.
Quanto às ilustrações do livro, da autoria de Carla Pinto, estas foram inspiradas nos desenhos que a filha foi fazendo enquanto acompanhava a escrita da obra.
Para as apresentações, Alexandra Brás convida pessoas que trabalham em diferentes áreas e que de alguma forma estão ligadas à doença ou aos cuidadores informais. A fotografia e a ilustração são uma parte muito importante neste tipo de doenças, porque servem como terapia para muitos doentes.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva e irreversível, ou seja, que resulta da morte de células cerebrais nervosas. A Organização Mundial de Saúde revela que em 2050 os casos da doença vão triplicar, servindo assim este livro como um alerta para que comecem a ser preparadas repostas sociais, cuidadores informais, terapeutas e cuidadores primários de saúde. Portugal é o 4.º país do mundo com uma maior incidência da doença por cada 1000 habitantes.