20 anos de investigação em comunicação: evolução, tendências e fraquezas
No decorrer da sessão plenária do segundo dia do X Congresso da Sopcom, Paulo Serra fez um balanço do que foram os vinte anos da investigação na área da comunicação em Portugal. Dividindo a sua exposição em seis tópicos (pós-graduação, unidades de I&D, revistas, congressos, tendências recentes e fraquezas), o presidente da Sopcom traçou os três principais objetivos deste estudo: analisar o crescimento do campo das Ciências da Comunicação, em Portugal, desde os seus inícios até agora, identificar algumas das tendências recentes na evolução do campo e identificar algumas das fraquezas persistentes da Sopcom.
O balanço apresentado por Paulo Serra mostra uma clara evolução da área da comunicação em Portugal. Se em 1990 houve apenas registo de um doutoramento concluído em Ciências da Comunicação, “a partir sobretudo do final dos anos 2000 as teses de doutoramento disparam e em 2016, em curso, encontram-se 116 teses de doutoramento”, explica. Quanto às revistas científicas, em 1985 existia a Revista de Comunicação e Linguagens, enquanto que, atualmente, existem dezoito revistas da área.
Relativamente às “tendências recentes da investigação em Ciências da Comunicação em Portugal e que também são refletidas na própria Sopcom”, Paulo Serra salienta a diversificação dos interesses e temas de investigação, o aumento da especialização teórica e metodológica, a a aposta nas tecnologias e nas suas utilizações, entre outros.
O professor da UBI refere como uma das principais fraquezas da Sopcom e, portanto, das próprias Ciências da Comunicação, a sua pouca implementação junto dos institutos de ensino superior e dos centros de investigação. Para o presidente da associação, é necessário instigar a aderência “aos grupos de trabalho e a produção de trabalho dentro do âmbito desses GTs. Precisamos de fazer uma espécie de evangelização, a palavra evangelho significa boa nova, portanto precisamos de levar a boa nova comunicacional aos centros e às instituições”.
Apesar deste balanço retrospetivo da investigação abranger diferentes âmbitos, para o professor faltou explorar os projetos de investigação, “quantos projetos, sobre que é que incidiram estes projetos, quem foram os responsáveis, quem foram os investigadores, que resultados obtiveram,… Nestes 20 anos há muito trabalho por parte da Sopcom e da investigação em Portugal” que merecia o olhar atento e crítico da Sopcom, conclui Paulo Serra.
Texto e imagem: Rafaela Sousa