Dark Waves: o projeto que promove a cultura underground em Viseu
Viseu, uma cidade do centro de Portugal, conhecida pela sua história e cultura, tem adquirido reconhecimento pela sua crescente adesão à música underground. É neste contexto que surge o projeto Dark Waves, que tem como objetivo proporcionar às pessoas da zona centro norte um momento na pista de dança diferente daquilo a que estão habituados.
Reportagem de Carolina Vicente, com imagens de João Costa
O projeto nasceu em novembro de 2022, quando o fundador Alex Nunes, de 24 anos, decidiu organizar uma festa de techno no seu aniversário, visto que não encontrava nada semelhante na cidade. “Falei com uns amigos dj’s, arranjei um bar, o Santo Graal, situado na Sé de Viseu, e onde atualmente ainda fazemos festas, neste caso after parties das festas principais que acontecem no Ice Club Viseu, e decidi fazer a primeira Dark Waves com bastante apoio do meu grupo de amigos”, explica. A festa foi um sucesso e a partir desse momento o projeto passou a realizar-se uma vez por mês, sempre com um line up de artistas de renome nacionais e internacionais.
No âmbito de um projeto que promete revolucionar a cultura techno na zona centro norte do país, Alex e Nuno Vieira Santos, de 32 anos – também conhecido artisticamente por NVS – dizem que os objetivos da Dark Waves passam por “possibilitar novas experiências através da música, dança e comunidade”.
“Relativamente à techno scene, estamos sempre por dentro dos talentos nacionais e internacionais que têm surgido”, revelou NVS, acerca de alguns artistas de renome como Ornella, uma DJ lisboeta com influências do Hard Techno, Acid e Industrial, na noite de Halloween de 2023; Biia, uma artista de música eletrónica que mistura diferentes abordagens do techno, no passado dia 16 de dezembro; Al Pro Ci, uma DJ residente da Dark Waves, que acredita que “a pista de dança é um local de liberdade e self-expression, onde é possível escapar do mundo real e entrar numa atmosfera somente de sensações rítmicas”; WTDK, uma dupla portuguesa de techno industrial, e PELIGRÉ, um DJ que se inspira deste o hard techno ao neo-trance, no aniversário do projeto, dia 25 de novembro de 2023; e também STEH, uma produtora musical e DJ residente em labels como: Riktus (Portugal), Elements of Life (EUA), Beenoise Rec (Itália), Chicote (Brasil) e Sunday Disco (Brsail.).
Quem sabe se no futuro este projeto em constante evolução não terá cartazes com DJs como CARV, alemão e OTTA, produtora e DJ proveniente do Reino Unido, assume o promotor.
Sara Martins, de 22 anos, colaboradora da Dark Waves desde o princípio, ingressou no projeto no primeiro dia, visto que já conhecia o aniversariante e, desde então, pertence à equipa. A colaboradora conta que o projeto se “está a tornar cada vez mais profissional e a equipa está mais responsável e organizada”, até porque a fasquia, responsabilidade e expectativas se encontram mais elevadas. A colaboradora sente que o projeto, neste momento, “já exige mais profissionalismo por parte da equipa incrível que é Dark Waves”. Os artistas favoritos de Sara Martins, que já atuaram para o projeto, são o casal WTDK, com quem teve a oportunidade de conviver antes e durante o evento, no dia 25 de novembro do ano passado. Sara Martins tem notado um grande apoio da parte do público e afirma que a comunidade se sente cada vez mais ansiosa por revelações de novos cartazes.
O feedback recebido tem sido positivo por parte da comunidade techno em Portugal. Joana Rendeiro, de 19 anos, consumidora assídua do evento, acredita que a Dark Waves “veio inovar a cultura underground em Viseu, fazendo com que muitas pessoas descobrissem uma paixão pelo techno, e quisessem divertir-se com um tipo de música banalizado pela sociedade, e por vezes desvalorizado. As pessoas costumam associar este estilo musical ao ‘barulho’ quando ainda nem sequer se permitiram a experienciar estas batidas”.
“Este projeto conseguiu incentivar-me a sair mais vezes de casa e descobrir mais nomes deste género musical que tanto aprecio. Percebi que não precisava de me deslocar até às grandes cidades para poder desfrutar da música que me mexe”, revelou Pedro Carrilho, 21 anos, também consumidor dos eventos da Dark Waves. Tiago Purificação, de 21 anos, ansiava um bom cartaz até se deparar com o nome “Biia”. Já costumava frequentar as Electronic Sessions, mas nunca imaginaria que uma cidade como Viseu pudesse ter um cartaz tão “rico e composto”.
Alex Nunes e Nuno Vieira Santos pretendem “continuar a ser um marco da música alternativa atual no centro/norte do país, levar o projeto a outras zonas de Portugal e quem sabe no futuro, fazer um festival”.
O próximo main event da Dark Waves será realizado no dia 27 de janeiro, na Alternative Room do Ice Club Viseu. O line up contará com os artistas Madson Carpenter, Untexx e Al Pro Ci. O cabeça de cartaz é um DJ e produtor musical conhecido pelas batidas fortes e sintetizadores hipnóticos.
A Dark Waves é um projeto que está a contribuir para a dinamização da música underground em Viseu. Com um line up de artistas de renome e um ambiente de festa inigualável, o projeto promete continuar a proporcionar momentos únicos aos amantes desta vertente da música eletrónica.
O techno em Portugal
Techno é um género musical oriundo da Alemanha, surgiu nos anos 1980 e rapidamente se espalhou pelo mundo. Em Portugal, este tipo de música começou a tornar-se popular na década de 1990, com a realização de festas e festivais dedicados ao género.
Atualmente, Portugal conta com uma crescente cena de techno, com artistas de renome nacional e internacional a atuarem regularmente no país. Alguns dos DJs portugueses mais conhecidos desta área são Miguel Silva, Ornella, Luísa Caracol e Carlos Manaça.
Em Portugal podemos encontrar festivais tais como o NEOPOP, o Brunch Electronik Lisboa e o Sónar Lisboa. O primeiro é um festival de música eletrónica que se realiza anualmente e Viana do Castelo, o Brunch é uma festa de techno que se realiza mensalmente em Lisboa, e o último é um festival de música e arte digital que se realiza anualmente na capital portuguesa.
A comunidade portuguesa de techno é uma comunidade diversa que inclui pessoas de todas as faixas etárias, géneros e origens. Os membros desta comunidade são unidos pelo seu amor por este tipo de música e pelo desejo de criar uma cultura overground vibrante.
Com a crescente exposição a este tipo de música, a crescente oferta de eventos e a crescente aceitação pela comunidade, o techno está bem posicionado para continuar a crescer em popularidade em Portugal.