Falso plano de desconfinamento mostra o impacto de uma notícia falsa sobre a população
No dia 25 de fevereiro, um falso plano de desconfinamento circulou na internet e muitos portugueses acreditaram ser, de facto, oficial. O governo precisou de emitir um comunicado a desmentir o alegado plano de desconfinamento, pois este não era verídico.
Opinião de Fernanda Sant’Ana
O documento publicado na internet era semelhante ao plano de desconfinamento divulgado em abril de 2020. Uma nota oficial também foi publicada no site oficial da República Portuguesa, a reiterar que o documento poderia ter gerado “inerente risco para a saúde pública”, mostrando assim que disponibilizar um documento de tal forma, pode ser prejudicial, principalmente no contexto atual que estamos a viver.
O responsável pela realização do falso plano foi Carlos Macedo e Cunha, colunista do Observador. Cunha alega ter partilhado num grupo fechado com os seus amigos, mas o documento foi partilhado novamente e adulterado com o logotipo do governo.
O documento falso do plano de desconfinamento é apenas mais um exemplo diante de tantas outras fake News que circulam o mundo afora.
As fake News variam em níveis, dos mais baixos aos mais altos, e, assim como o documento, pode parecer totalmente verídico e enganar muito bem. Ultimamente, usamos a internet para quase tudo, assistir aulas, trabalhar, ver notícias; o mundo online faz parte da vida da grande maioria das pessoas.
Em períodos decisivos, como em eleições, é comum, mesmo que não seja correto, vermos diversas notícias falsas a circular em grupos de Whatsapp, Facebook e outras redes. A facilidade da sua partilha faz com que atinja a população mais rapidamente, e desmentir uma notícia falsa, quando espalhada, torna-se cada vez mais difícil. Mas, em algum momento nós paramos para pensar em quando se tornou comum? As fake News, aos poucos, se tornam uma parte da comunicação política.
Ultimamente, tenho visto os tempos diferentes. Por mais que exista uma grande evolução dentro da comunicação social, sinto que com o passar dos anos, tem sido cada vez mais fácil fazer com que as pessoas caiam em clickbaits, e o potencial da circulação das notícias falsas também se torna maior, visto que em poucos minutos após da divulgação do falso plano de desconfinamento, quase toda a população já possuía a notícia em mãos, mas não posso chamar sequer de notícia, mas sim uma mentira.
É necessário fazer um estudo mais aprofundado em torno das fake News, pois se não existir o cuidado necessário, o problema pode se agravar ainda mais. Em países como o Brasil e os Estados Unidos, as notícias falsas estão a ganhar cada vez mais poder, ao ponto de ter grande influência na vida dos cidadãos, onde a população fica mais suscetível a que a vejamos como verídica e consequentemente, mais polarizada. As fake News precisam ser seriamente combatidas, pois já não se trata de uma “brincadeira inocente”, e sim de algo que afeta todas as áreas, principalmente o ambiente político.
Para haver segurança e veracidade dentro da comunicação social, o combate às fake News imprescindível, pois são os meios de comunicação social e o jornalismo que levam as informações as pessoas, e a população precisa sentir segurança nas informações que lhes são transmitidas. Como dizia George Orwell em 1984, “liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro”.
Imagem de Wokandapix por Pixabay