Teatro Regional da Serra do Montemuro: as adaptações à Covid19

O Teatro Regional da Serra do Montemuro é um grupo de teatro itinerante, que iniciou a sua atividade no ano de 1990, trabalhando à experiência até 1995.

Por Mónica Costa

A falta de atividades culturais, de oportunidades e o inconformismo levaram um grupo de jovens a investir a sua energia num projeto que lhes permitiria fixarem-se na sua terra. Atualmente, a pequena aldeia de Campo Benfeito, situada entre os montes da Serra do Montemuro, no concelho de Castro Daire tornou-se um local de referência na criação, difusão e programação artística.

O grupo conta com quase trinta anos de história, e de histórias. A criação das mesmas, segundo o diretor artístico Eduardo Correia, «não acontece em momentos fugazes, de inspiração, tem de existir uma estratégia e um pensamento estruturado que suporte o projeto para que este tenha longevidade no tempo».

Foi com base neste pensamento e nesta afirmação do diretor artístico da companhia que tudo surgiu, e é assim que continuará a ser.

A companhia, investe os recursos humanos e técnicos na circulação das produções artísticas. Continua ainda a apostar na criação de textos originais contemporâneos, inspirando-se nas mais variadas situações da atualidade.

Por referir atualidade, com toda a situação atual que vivemos devido à pandemia da Covid19, e apesar de estar localizado numa aldeia com pouco mais de 100 habitantes, onde a maioria são idosos e não se desloca para fora da sua área de residência, o Diretor Artístico da companhia assume que tal como todos os outros setores e mesmo grandes companhias de tetro estiveram encerrados durante a primeira vaga do surto.

«Quando voltamos à atividade os receios eram muitos, tivemos de reduzir a sala de espetáculos, com mais de 170 lugares para apenas 83, tomando todas as precauções e colocando em prática todas as medidas da DGS, e não pensamos ter a aderência que apesar da situação que vivemos viemos a ter por parte da comunidade».

Eduardo Correia, diretor artístico da companhia
TEATRO DO MONTEMURO 2020 – PEÇA “GERMINAÇÃO”

Apesar de serem uma das companhias de teatro vencedoras do festival Altitudes, devido à pandemia tiveram de adiar os espetáculos que tinham agendados para os meses de março, abril e maio, bem como os do mês de novembro devido ao elevado número de infetados nas aldeias em que iam atuar.

«A pedido dos presidentes de junta das aldeias em que íamos atuar, adiamos os espetáculos, por existirem nesses locais muitos infetados de Covid19, tentaremos se possível realizar as atuações até ao final deste ano. Caso não seja possível reagendaremos para o início de 2021».

Eduardo Correia

A companhia tinha ainda para este ano agendada a estreia de uma peça da qual ainda não foi divulgado o nome, que envolvia a interação da comunidade, mas devido ao vírus a mesma não foi apresentada ainda à comunidade estando o seu reagendamento dependente de melhorias na situação que se vive atualmente em todo o mundo.

O diretor artístico Eduardo Correia revelou ainda que apesar das restrições e do medo da vivido por toda a comunidade, a aderência do publico aos espetáculos tem superado as espectativas, pois «em poucos dias após a divulgação dos espetáculos ficamos sempre sem bilhetes e temos ainda pessoas que nos perguntam se podem reservar bilhete para o próximo espetáculo ou estreia, o que não nos é possível fazer face à quantidade de interessados que temos em assistir às nossas peças».

Esta é a história de uma companhia de sucesso criada por um grupo de jovens que hoje incute nos filhos e netos o gosto pela representação e pela ideia de que apesar de se terem fixado na aldeia conseguiu ter repercussão a nível nacional e já foi vencedora de vários festivais distritais.

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