CI&DETS do IPV lidera consórcio internacional em projeto de investigação
O Centro de Investigação CI&DETS do Instituto Politécnico de Viseu desenvolveu sob a coordenação da investigadora Raquel Guiné o projeto internacional “Study about the knowledge and habits regarding food fibres in different countries”.
O estudo teve uma dimensão transnacional e contou com a participação de 24 investigadores de 10 países: Argentina, Croácia, Egito, Hungria, Itália, Letónia, Macedónia, Portugal, Roménia e Turquia. Da equipa no IPV fizeram ainda parte os investigadores Paula Correia, Manuela Ferreira e João Duarte.
O projeto surgiu por ser bastante evidente na atualidade a crescente preocupação que as pessoas têm com a saúde. No entanto, a agitação da vida moderna levou ao aumento da procura por alimentos processados, onde predominam produtos refinados ricos em gorduras saturadas e pobres em fibras alimentares. O aumento do consumo deste tipo de alimentos, aliado a fatores como o stress e reduzida atividade física, tem contribuído para o aumento da prevalência de vários distúrbios na saúde humana, entre os quais se destacam a obesidade, a hipertensão e problemas cardíacos.
O alimento desempenha um papel importante na manutenção das funções vitais do ser humano, fornecendo os nutrientes e energia necessários ao funcionamento do organismo. De entre os constituintes dos alimentos, a fibra dietética tem despertado grande interesse nas últimas décadas e, de acordo com estudos documentados, hoje em dia é aceite que as fibras alimentares desempenham um papel importante na prevenção de várias doenças, incluindo o cancro. Assim, dietas ricas em fibras, com adequadas quantidades de cereais, leguminosas, frutas e vegetais, têm um efeito positivo na saúde.
O objetivo que esteve na base do desenvolvimento deste projeto foi realizar um estudo sobre o conhecimento e as atitudes dos cidadãos de diferentes países em relação às fibras alimentares, avaliando, entre outros, os hábitos de consumo e o conhecimento que as pessoas demonstram sobre os benefícios da ingestão de fibras.
O projeto teve a duração de dois anos e permitiu concluir que existem diferenças significativas entre os países estudados, quer ao nível dos conhecimentos, quer ainda ao nível dos hábitos de ingestão de alimentos ricos em fibra dietética. Outros fatores que influenciam o nível de conhecimento incluem o sexo, o grau de instrução e meio onde residem os participantes. Assim, pessoas do sexo feminino, residentes em meio urbano e com ensino superior completo, revelarem ter maior nível de conhecimento acerca dos benefícios para a saúde associados à ingestão das fibras alimentares. Portugal destacou-se por ser, de entre os 10 países participantes, e conjuntamente com a Argentina, dos que demonstraram possuir maior conhecimento.
Os resultados foram divulgados pela comunidade científica através da publicação de 24 artigos em revistas científicas internacionais conceituadas, bem como da apresentação de 8 comunicações orais e 2 pósteres em conferências internacionais em vários pontos do globo (sendo que uma delas, apresentada na “2nd International Conference on Food and Nutrition Technology“, na República da Coreia, foi distinguida com o prémio de melhor comunicação). Os resultados foram ainda publicados em 9 livros de resumos de conferências internacionais e serviram de base a um trabalho de conclusão de licenciatura e uma tese de mestrado, ambos desenvolvidos por instituições de ensino superior da Croácia.
O consórcio montado para o desenvolvimento deste projeto servirá de base a mais projetos de investigação conjuntos.