Uma obra que “ensina a olhar para o outro”

O livro “Teorias leigas em pessoas idosas: conhecer para intervir- um guia para educadores” foi apresentado na passada sexta-feira na Fnac Viseu, no Palácio do Gelo. Uma obra escrita por Claúdia Luísa, onde 300 idosos participaram no seu estudo e na sua intenção de sensibilizar a comunidade para problemáticas relacionadas com o envelhecimento.

A dirigir a apresentação do livro, Rita Abreu reconhece que “esta obra ensina a olhar para o outro”. Na primeira parte do livro são abordados os diferentes tipos de envelhecimento visto que, segundo Rita, “no início do século XX, a esperança média de vida era de 35 anos. Atualmente ultrapassa os 80 anos. Daqui a 4 anos haverá mais pessoas com 65 anos no mundo do que crianças”.

Ainda na parte inicial da obra, são identificadas cinco zonas geograficamente distantes mas com algo em comum. São eles: “Sardenha em Itália, Okinawa no Japão, Loma Linda na Califórnia e na Costa Rica, Grécia”. Nestas áreas “os habitantes valorizam a família, não fumam, têm uma alimentação semi-vegetariana, são socialmente ativos, fazem exercício físico no exterior, têm objetivos de vida e uma componente espiritual”.

O segundo e o terceiro capítulo são dedicados às Teorias Leigas, em que se faz “uma abordagem sobre três temáticas: teorias leigas ou perceções que as pessoas idosas têm sobre a sua saúde, a sua qualidade de vida e a sua felicidade”.

O estudo realizado por Cláudia Luísa ocupa a última parte. “São apresentados resultados aos temas acabados de referir. 300 idosos, com idades  compreendidas entre os 70 e 90 anos, partilharam como achavam que estava a sua saúde, a sua qualidade de vida e a sua felicidade.” Rita Abreu destaca que, na parte da felicidade, as pessoas são bastante felizes.

Um livro que também menciona o papel do cuidador em geral de pessoas idosas, onde a chave de ouro é “saber ser, a parte humana; saber como fazer, a questão teórica e saber fazer, a parte mais técnica”. E como diz o livro, é necessário conhecer para intervir.

Claúdia Luísa partilhou com o público viseense as motivações que levaram a escrever o livro. “Comecei a conviver com pessoas idosas desde muito nova porque cresci com os meus avós num seio onde maior parte da população era idosa. Nessa altura acabei por perceber a importância das experiências e necessidades dessas pessoas”, afirmou.

Cláudia percebeu na altura qual seria o seu caminho a nível profissional. Atualmente explica a sua opção pelo estudo das teorias leigas com o facto de ter interesse em “saber o que que as pessoas sentiam”. “Fui questioná-las, conversar com elas, tudo uma perspetiva próxima”, reiterou.

A autora destacou o facto de o livro ter sido escrito para todas as pessoas: “Não é só para técnicos, para educadores sociais, nem só para familiares, é para todas as pessoas”.

Finalizando a apresentação do seu livro, a professora disse que “o que pode vir a marcar a diferença é a nossa capacidade e o nosso saber sentir. Ou seja, quando se trabalha com esta realidade e não só, a capacidade de sentir poderá eventualmente fazer a diferença”.

“Tudo o que está vivo precisa de ser alimentado” foi a citação do livro escolhida por Cláudia Luísa para terminar o encontro com o público.

 

Texto e imagens: Ana Catarina Machado

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