É preciso mais formação e reflexão crítica no uso da inteligência artificial
Dónal Mulligan apresentou-se no segundo dia do SIIE, o Simpósio Internacional de Informática Educativa, “intrigado, mas preocupado, com a inteligência artificial”. O professor na Dublin City University, na Escola de Comunicação, e que recentemente se tem focado na integração da Inteligência Artificial Generativa (GenAI)no ensino superior — tanto na revisão crítica de políticas como na prática pedagógica – apresentou, no Instituto Politécnico de Viseu, três estudos que avaliaram o uso que os estudantes de ensino superior fazem da IA.
Por: Miguel Midões
O objetivo foi o de avaliar níveis de familiaridade, experiência de uso, perspetivas críticas e expectativas – com estudantes de Media e que, num futuro próximo, vão produzir conteúdos nos meios de comunicação.
Estas investigações mostraram que estamos perante uma erosão da verdade e uma perda de confiança nas práticas de ensino, lembrando que é preciso mais formação na área da IA e uma reflexão crítica mais profunda acerca do uso da IA generativa.
O investigador irlandês adiantou ainda que “os estudantes estão preocupados com a forma como os seus dados vão ser usados, mas reconhecem que é o preço a pagar pelo uso de uma tecnologia livre”, revelando superficialidade com as questões éticas relacionadas com a GenAi. Por isso, é preciso mais formação que debata as perspetivas críticas e que dê exemplos de uso e de boas práticas, deixando como sugestão para as instituições de ensino superior a criação de políticas explícitas e de guias de referência de boas práticas e a formação das equipas de docentes e técnicos de forma mais regular, mas também dos estudantes.
Dónal Mullingan refere também que as políticas e normas institucionais ainda não estão a chegar à sala de aula e que os estudantes não conseguem comparar a utilidade dos vários modelos que existem.
Um contexto que começa a afetar a própria imagens das IES por não terem bem definidas as políticas e normas que possam vir a regular o uso correto destas ferramentas. Assim, “é importante continuar a falar com os estudantes acerca da IA, sobretudo quando ainda continuamos à espera de políticas e regulamentos institucionais”, menciona.
Por fim, alertou a plateia para três temas pilares desafiantes relacionados com estas ferramentas que já são parte do dia a dia da academia: a incerteza (há um vazio de entendimento acerca das suas implicações na formação dos estudantes, sobretudo porque a mudança é rápida e constante), a eficácia, e a integridade (“como esta tecnologia pode ser conciliada com a integridade académica e aquilo que são as práticas a que estamos habituados no ensino superior”).
