“A economia portuguesa vai-se ressentir” com a eleição de Trump – Rui Alpalhão, Professor ISCTE-IUL
“Portugal é uma economia muito exposta à conjuntura internacional, que é adversa, logo, a economia portuguesa vai-se ressentir”, afirma Rui Alpalhão- economista e professor do ISCTE. Pela primeira vez em seis décadas, cai um governo em França na sequência de uma moção de censura na Assembleia Nacional. Além disso, segundo analistas da Goldman Sachs, a eleição de Donald Trump como novo presidente dos EUA poderá trazer efeitos negativos à Zona Euro.
Texto: Gabriel Lopes (aluno do 1º ano de Comunicação Social)
Em França, o governo liderado por Michel Barnier caiu, sendo o governo que menos tempo exerceu na quinta República Francesa, desencadeando uma crise política. A moção de censura que contou com a aprovação de 331 deputados, seguiu-se após meses de uma crise económica desencadeada pela dissolução da Assembleia Geral pelo presidente, Emmanuel Macron, na sequência da derrota do seu partido nas eleições europeias. “A economia francesa está entre a espada e a parede”, diz o economista. Está previsto que, este ano, o déficit francês atinja mais de 6% do Produto Interno Bruto (PIB), o dobro do limite da União Europeia – O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (neste caso país) durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). Rui Alpalhão acrescenta que “se o governo francês não corrigir o déficit, a taxa de juro da dívida publica francesa só vai aumentar”. Ao entrar em 2025 sem um orçamento aprovado, os gauleses arriscam-se a ser alvos fáceis no mercado e Rui Alpalhão deixa o aviso – “ou os deputados aprovam uma política austeritária ou então são os mercados que vão excluir a República Francesa do financiamento”.
Para Luís Montenegro, primeiro-ministro português, a crise em França pode ser vista como uma oportunidade de Portugal se destacar, tornando-se um “investimento seguro”. Rui Alpalhão considera que as declarações do primeiro-ministro português são infelizes, “infundadas num desconhecimento sobre o assunto”. O economista acrescenta ainda que “não temos nada a ganhar com a crise em França, zero!”.
A eleição de Donald Trump promete não ser simpática para o resto do mundo, já que a economia global vai sentir os seus efeitos. A Trumpnomics, política económica de Donald Trump, “será pouco amiga da globalização” tendo em vista o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano e “não se preocupar com o Produto Interno Bruto (PIB) global” – afirma o economista. Tendo isto em conta, a perspetiva da economia internacional é adversa à economia portuguesa, no entanto, segundo Rui Alpalhão, “graças à disciplina orçamental dos ministros das finanças socialistas” Portugal provavelmente não será excluído dos mercados financeiros.
Numa recente entrevista, Donald Trump pôs em cima da mesa a possibilidade de os EUA saírem da NATO. Para Rui Alpalhão, o futuro presidente americano vê o negócio de financiar a defesa do mundo, como um mau negócio. Os americanos são os polícias do mundo, por isso controlam-no. Porém, “com a política internacional de Donald Trump, os EUA vão perder relevância no mundo” – acrescenta o economista. Rui Alpalhão diz ainda que pensa que Donald Trump “faz isso porque não está preocupado com a Europa, mas sim com confrontar a China no Pacífico” e que “a Europa não tem qualquer capacidade de criar um processo de defesa, à parte da NATO”, tendo em conta que “os europeus são uma massa inerte incapaz de se defender”.
Quando questionado sobre como estará a economia portuguesa daqui a 6 meses, tendo em consideração todos os eventos que têm acontecido, o economista Rui Alpalhão afirma que “os ventos não estão de feição”, que vão haver “sinais de abrandamento evidentes” e que as exportações portuguesas vão reduzir – acrescentou.
