Futebol, música e comunicação: A vida multifacetada de Vítor Sá Pereira

“Nós gerimos sonhos, não podem jogar todos”. Um dos principais desafios de um treinador de futebol é a dificuldade em gerir um balneário de uma equipa de futebol profissional. “Não é fácil gerir as ´azias` dos jogadores”, refere Vítor Sá Pereira, filho de um ex-treinador e ex-futebolista profissional, que partilha um pouco do seu conhecimento e da sua trajetória nos ramos do futebol e também da comunicação.

Texto: Gonçalo Silva (aluno do 1º ano de Comunicação Social) / Foto: Zerozero

O técnico começa por referir que o seu sonho de criança era ser guarda-redes profissional, mas “não tinha tanto jeito quanto pensava” e decidiu apostar em coisas que lhe trouxessem “mais estabilidade, pois para além do futebol, tinha uma paixão muito grande pela música e pela rádio e as duas conjugam-se muito bem”.

O atual treinador principal do Dumiense FC revela ter começado a sua jornada enquanto treinador de futebol com crianças. “Surgiu o convite para treinar escalões de formação e depois fui convidado para integrar o departamento de scouting do FC Porto, em que descobri alguns talentos. Como eu tinha sido guarda-redes, especializei-me no treino específico de guarda-redes, tirei um curso de alto rendimento e tirei o nível 2 de treinador principal UEFA-B porque poderia surgir uma oportunidade nesse contexto”, conta.

Quando questionado sobre uma das dificuldades de comandar um grupo de futebolistas num campeonato profissional, refere que “ao ser treinador principal, as pessoas podem-te reconhecer máxima competência e máxima disciplina, mas no futebol é mesmo assim, se não ganhares, estás sujeito ao escrutínio e à crítica dos adeptos”.

Mas nem tudo é negativo no mundo do futebol, como por exemplo o crescimento que o treinador barcelense teve enquanto ser humano, uma vez que num balneário, o líder tem de ser colega, psicólogo e conselheiro dos seus jogadores. Por outro lado, cabe-lhe uma das funções mais difíceis necessárias para manter um grupo unido, quando refere “nós gerimos sonhos, não podem jogar todos e não é fácil gerir as ´azias` dos jogadores”.

Quanto ao nível atual que o futebol português vive nas camadas jovens, o treinador do Dumiense FC diz que “a competitividade hoje é tão grande e a formação dos clubes está cada vez mais desenvolvida, o recrutamento é feito com mais atenção e qualidade”. 

De seguida, refere que existem jogadores que na sua opinião deveriam estar a representar clubes de maior nível e outros que não deveriam ter chegado onde chegaram, muitas vezes devido a fatores extracampo.

Vítor Sá Pereira tenta conciliar esta função de treinador com todas as outras que exerce, tais como a rádio, a música, ser speaker e a realização de diversas galas.

Quando questionado pelo surgimento da paixão com o setor da música, Vítor Sá Pereira diz que desde cedo comprava discos de vinil e tocava nas festas de natal, carnaval e de fim de ano na escola e que a reação das pessoas era positiva, então decidiu dedicar-se a esse rumo.

Já quanto ao seu apreço pela rádio, refere que veio por influência” do irmão que trabalhou na Rádio Cávado e na Rádio Barcelos e que “ia acompanhado e imitando o trabalho dele”.

Vítor Sá Pereira começa por dizer que não fez nenhuma licenciatura, mas que começou desde cedo a trabalhar na Rádio “Nove3Cinco”, na qual se encaixava um perfil jovem com conteúdos destinados a esse grupo de idade.

O atual speaker do Óquei Clube de Barcelos diz ter trabalhado simultaneamente como locutor e também produtor de áudio, período esse em que arranjava tempo, ainda para ser DJ aos fins de semana e que as funções se completavam de uma forma muito positiva, dando-lhe valor.

Voltando à questão da comunicação, diz que sempre mostrou uma “boa versatilidade”, pois tanto consegue estar num pavilhão ou num estádio de futebol a torcer pela equipa como consegue estar num auditório ou numa gala, “a falar num tom mais calmo e elegante”.

De seguida, realça a preferência por ser speaker de hóquei em patins, pois é um desporto de maior ação, tendo sido o speaker da Elite Cup e da final da Liga dos Campeões. 

Ao falar do estado atual da comunicação social, o também treinador de futebol afirma que “o mercado está muito competitivo, a qualidade está altíssima na comunicação social e quanto mais versátil formos, mais abrangente será o mercado. Hoje devemos ser locutores, produtores, editores e gestores de conteúdos”.

Deixa ainda a dica para a criação de referências e a aprendizagem com pessoas que acabam por não exercer nenhum papel de comunicadores, mas que nasceram com esse dom, dando o exemplo de Cândido Costa.

Vítor Sá Pereira começa por dizer que não fez nenhuma licenciatura, mas que começou desde cedo a trabalhar na Rádio “Nove3Cinco”, na qual se encaixava um perfil jovem com conteúdos destinados a esse grupo de idade.

Por fim, termina com a mensagem interessante, de que o esforço, a pesquisa e a dedicação podem superar o conhecimento adquirido através de livros, referindo que o facto de nunca ter lido um livro nem ter tido aulas sobre comunicação social, mas sido uma pessoa focada, trabalhado imenso, pesquisado imenso, ouvido e visto muitos bons profissionais e “às vezes isso vale mais que muitos livros o foco, o esforço, a dedicação e a ambição também são grandes bases para termos sucesso no nosso sucesso profissional”. 

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