“Bombeiros Voluntários são uma carreira esquecida” – João Leal, comandante dos Bombeiros Voluntários de Viseu
A falta de apoio aos Bombeiros Voluntários em todo o país tem sido um dos temas recorrentes nos últimos anos, havendo inúmeras corporações a queixarem-se da falta de ajudas sociais.
Texto: Simão Gomes (aluno do 1º ano de Comunicação Social) / Foto: Jornal do Centro
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Viseu, João Leal, concorda com o facto de haver muitas denúncias sobre a falta de apoio, fazendo ainda uma comparação com os bombeiros sapadores. “Os bombeiros que existem no país e estão perdidos no interior são os bombeiros voluntários”, diz. Quanto à falta de apoio, João Leal admite que algumas “regalias sociais” e “os apoios ao voluntariado” são exemplos de falta de apoio do governo, e acrescenta ainda que ajudariam bastante mais incentivos financeiros. Porém esclarece que são temas que são debatidos frequentemente, mas que “nunca saem do papel”. Diz ainda que a falta de recursos “é sempre finita”, deixando uma crítica ao país e afirmando que o reequipamento dos bombeiros demora bastante tempo.
João Leal revela um “atrasar” na renovação e investimento no equipamento dos corpos de bombeiros em relação a outros países da comunidade europeia. Além disso, garante ainda que a sua corporação não está pronta para ocorrências mais específicas, como o combate às chamas em carros elétricos, confessando mesmo não terem o equipamento necessário para esse tipo de ocorrências e, tão pouco, não terem formação para esse tipo de situações. Confidencia ainda que a falta de recursos é notória, porém, as corporações, nomeadamente a de Viseu, têm de se “desenrascar” com aquilo que possuem, apesar de muitos recursos não serem especificamente para alguns tipos de incidentes.
Posteriormente, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Viseu afirma que algumas situações que tendem a ser relativamente simples de resolver, podem vir a tornar-se mais complicadas. Dá o exemplo de um “grande derrame de combustível numa autoestrada” e encara a situação revelando que, atualmente, a corporação não tem meios no concelho para resolver uma situação deste calibre. Uma vez que, no concelho de Viseu, não existem os meios para combater este tipo de incidentes, João Leal diz que a corporação mais próxima para resolver um “grande derrame” localiza-se em Coimbra, fazendo referência ainda às outras equipas de todo o país, localizadas em Setúbal, Lisboa e Braga.
Lamenta o facto de haver uma grande discrepância perante os meios distribuídos ao longo do país, revelando ainda que a mudança de governo em março ainda “não deu para tirar grandes conclusões”, no entanto, comprova que “tem dado alguns frutos” em alguns aspetos, e afirma, concluindo, que “é um sinal”.
Foi questionado sobre que medidas aplicaria se tivesse poder decisório, no sentido de obter uma resposta mais eficaz em relação aos recursos necessários. O comandante dos Bombeiros Voluntários de Viseu dá uma ideia, admitindo que devia haver um critério de adaptação quanto à distribuição de apoio e meios a cada região. Termina acrescentando que “cada região é uma região diferente” e que “cada uma tem as suas necessidades diferentes”.