Empresários do Alentejo oferecem cerca de 13 toneladas de feno em Castro Daire: “O pouco é sempre pouco e nunca será suficiente”
Na tarde do passado sábado a aldeia de Courinha, em Castro Daire, recebeu cerca de 32 fardos de palha e seis bolas de feno-silagem, oferecidos por cinco proprietários de herdades provenientes do Alentejo.
Por: David Almeida
Na decorrência dos grandes incêndios florestais que deflagraram há cerca de 3 semanas no concelho de Castro Daire, onde ardeu cerca de 70 a 75% da área do concelho, um conjunto de empresários agrícolas provenientes do Alentejo, decidiram oferecer um camião carregado de fardos de feno.
Todos os fardos de feno, foram entregues à Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Courinha, no qual após uma publicação na rede social Facebook, foi feito um aviso a quem tivesse necessidade de fardos de feno, poderiam solicitar.
“É com muito orgulho que a gente vê que há pessoas ainda neste país fora que ainda facilitam a vida a quem mais perdeu. Como presidente da associação, nós a partir do primeiro momento tentámos arranjar alguma coisa para ajudar estas pessoas, tivemos sempre na retaguarda à espera que aparecesse alguma oportunidade”, refere Lucas Ferreira, presidente da ADRC Courinha.
São inúmeros os proprietários de explorações agrícolas que se dirigiram a Courinha para levantar os prometidos fardos de feno, sendo a opinião unânime: Estes fardos serão imprescindíveis.
“Estes fardos ajudam imenso, porque os poucos recursos com que eu fiquei estava a guardar para o inverno. Na aldeia de Midões, que não ardeu tanto, tinha alguns recursos, mas tendo em conta que tenho os animais mais queimados, tenho que os ter mais isolados. (…) Esta ajuda é imprescindível e eu agradeço imenso“, afirma Fábio Camões, produtor agrícola.
Jorge Santos, beneficiário desta iniciativa conta que neste momento o pasto é escasso, não sendo suficiente para alimentar os animais. “Nós neste momento não temos nada para dar às cabras.” Temos utilizado “o pouco que as pessoas nos estão a ajudar. O inverno vai chegar e o pouco é sempre pouco e nunca será suficiente”, refere o produtor agrícola.
“Para quem perdeu tudo é muito bom. Perdi mil fardos de feno, perdi a ração toda dos animais que tinha e 15 hectares de castanheiro. A gente perdeu tudo o que tinha. Sobrou praticamente os animais, porque consegui salvá-los, porque senão tinham morrido também. Obrigada pela ajuda, foi muito bem-vinda”, refere Lucília Pires, produtora agrícola.
É expectável que durante as próxima semanas sejam oferecidos e distribuídos mais fardos de feno, algo essencial para alimentar os animais, nesta altura do ano.
O Concelho de Castro Daire foi um dos concelhos mais fustigados do país, tendo mobilizado perto de 1000 operacionais. Os prejuízos são vastos, estimando-se que cerca de 70 a 75% do município tenha sido atingido pelo fogo.