Áreas ardidas reflorestadas com sementes autóctones do Buçaco

A mata Nacional do Buçaco foi palco de recolha de sementes de árvores autóctones para reflorestar nas áreas afetadas pelos incêndios, como foi o caso de grande parte do distrito de Viseu, com especial incidência em concelhos como Mortágua, Santa Comba Dão e Tondela.

A iniciativa decorreu este mês com o apoio da Camara Municipal da Mealhada e da fundação “Mata do Bussaco”.

A convite do movimento de reflorestação “Mãe Terra”, a Living Place, empresa de animação turística e educação ambiental, foi desafiada a encontrar um local para se fazer a recolha de sementes, de árvores autóctones.

Paulo Nabais, Presidente da Living Place, refere que o local ideal foi a mata do Buçaco e acrescenta que “as sementes vão ser colocadas em viveiro para daqui a cerca de um ano serem transplantadas para os locais onde o incêndio passou, para os terrenos privados.”

A recolha foi controlada tendo havido um “briefing” prévio para que todos soubessem o que se pretendia e para “mostrar algumas espécies de sementes e mostrar o percurso onde existe maior diversidade”, explica.

A iniciativa traz consigo uma “grande sensibilização ambiental” e pretende-se transmitir às próximas gerações “que tenham esta mesma atitude, e que consigamos reflorestar o país com as nossas espécies autóctones, que é isso que nós queremos.”

O Presidente da Living Place espera recolher vários milhares de sementes, “porque se em duas ou três horas, duas pessoas conseguem recolher três ou quatro centenas, com vinte pessoas vamos recolher milhares de certeza”, sublinha.

A mata do Buçaco é ainda um exemplo de biodiversidade, tendo árvores com várias centenas de anos e até mesmo únicas no país e no mundo.

Sofia Ferreira, responsável pelas atividades educativas da FMB – Fundação Mata do Buçaco, explica que o Buçaco “tem quatro habitats diferentes, daí a grande diversidade, quer de plantas autóctones quer de plantas exóticas”.

A recolha foi feita em duas zonas, “num dos habitats chamado de arboreto, e também numa zona que é o tesouro da Mata do Buçaco, que é a Floresta Relíquia”, acrescentando que se trata do local onde “predominam os carvalhais, louriçais e o ex-líbris da Mata Do Buçaco, e que é único no mundo, o adernal”. O aderno, arbusto que ao longo dos anos adquire um porte arbóreo, “é único na mata”, e Sofia Ferreira garante, “são árvores tortas, onduladas, que se enrolam umas nas outras e que dá um aspeto de conto de fadas”.

O equilíbrio florestal com o equilíbrio animal forma uma estabilidade que é importante preservar, daí ser fundamental a reflorestação de plantas nativas em Portugal.

O Buçaco, a pouco mais de 60km de Viseu, continua a ser um sítio onde a biodiversidade impera e que temos de preservar.

Texto e audio: Maria Inês Gonçalves

a