Perfil. André Ventura, o homem cujo objetivo é liderar a direita portuguesa

Nascido em Algueirão, no concelho de Sintra, a 15 de janeiro de 1983, André Claro Amaral Ventura desde cedo que desenvolveu um culto à sua própria personalidade, caraterística que se tornou pedra basilar do partido que viria a fundar em 2019: o Chega. Figura central da extrema-direita em Portugal, Ventura demarca-se dos restantes estadistas nacionais pelo seu populismo e conservadorismo, aspetos que o tornam alvo de polémicas no espectro político do país.

Por Luís Silva

A vida política de André Ventura teve os seus antecedentes quando, ainda estudante, se licenciou em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, com 19 valores. Já em 2013, doutorou-se em Direito Público pela University College Cork, na Irlanda. A sua distinção académica valeu-lhe o cargo de professor convidado na universidade na qual se formou, desde 2016 até 2018, e de professor auxiliar na Universidade Autónoma de Lisboa, de 2013 a 2019.

Em 2013, a carreira de Ventura na política teve início no Partido Social-Democrata (PSD), à época liderado por Pedro Passos Coelho.

O ano de 2017, aquando das eleições autárquicas, marcou a virada de André Ventura do PSD para um André Ventura mais populista e conservador. Nestas eleições, o deputado social-democrata, que havia sido escolhido para liderar a candidatura à Câmara Municipal de Loures, saiu derrotado pelo candidato do Partido Comunista Português (PCP), Bernardino Soares. Esta disputa eleitoral ficou marcada pelas declarações controversas de Ventura sobre os ciganos, na qual o candidato pelo PSD referiu, segundo o Jornal Económico, que as pessoas desta etnia “vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado” e “acham que estão acima das regras do Estado de Direito”.

Cerca de um ano e meio depois, apoiada na questão contra a comunidade cigana, é fundado o CHEGA!, em abril de 2019. A sua constituição foi envolta em polémica desde o princípio, com discussões associadas às assinaturas para legalizar o partido e o envolvimento com o Tribunal Constitucional. Nas eleições Legislativas de outubro de 2019, o partido fundado por Ventura conquista a sua primeira grande vitória: elege um deputado na Assembleia da República, através do círculo de Lisboa.

No entanto, para além da carreira política, Ventura possui uma faceta não tão conhecida pelo público: quis ser padre e é romancista. A sua estreia na ficção ocorreu com o livro “Montenegro”, que conta a história de vida de um ciclista que luta contra o HIV, e, em janeiro de 2016, em conjunto com a taróloga Maya, lançou o livro “50 Razões Para Mudar Para o Sport Lisboa Benfica”.

Adepto desportivo, o fundador do Chega já confessou o seu amor pelo ciclismo, em especial por Lance Armstrong. “Quando descobri que se dopava, chorei”, admite Ventura ao Jornal de Notícias, sendo mesmo esta a única vez em que se lembra de chorar na sua vida adulta.

Candidato à Presidência da República nas eleições presidenciais de 2021, André Ventura define-se como um “liberal a nível económico, nacionalista e conservador”, cujo partido “não vai ser a muleta de nenhum outro”, afirma em declarações à RTP Notícias.

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