Sustentabilidade: a capacidade de construir um futuro para nós e para as próximas gerações
Reduzir o nosso consumo e ter o mínimo de impacto no planeta, é o que Salomé Santos, natural de Viseu, considera ser a chave para conservar o planeta como o conhecemos e como queremos que ele se preserve.
Reportagem de Maria Soares
“A chave da sustentabilidade é reduzir, e isso é o que vai ter verdadeiramente um impacto no planeta, é importante precisamente por isso, o facto de diminuirmos o consumo de tudo e de termos o mínimo impacto no planeta é o que nos vai trazer alguma salvação, alguma perspetiva de futuro”, refere Salomé Santos.
Disponibilizar tempo e vontade em prol de um impacto positivo no meio ambiente e no futuro do planeta, é algo que tem ganho cada vez mais intensidade na sociedade. A preocupação em ter um planeta onde habitar e um futuro para cuidar tem atingido mais e mais pessoas nos últimos tempos.
Salomé Santos afirma que a sustentabilidade é um tópico estruturante na sociedade, pois se não pensarmos no planeta e na forma como consumimos, não haverá futuro, e acrescenta que “temos várias preocupações na sociedade, mas sem planeta todas as outras preocupações e problemas caem por terra, aliás, nem podemos pensar neles se não pensarmos primeiro em assegurar um futuro para nós e para as próximas gerações”.
Na visão de Tatiana Gonçalves, estudante na Escola Superior de Educação de Viseu, a sustentabilidade é “ter respeito pelo privilégio de poder viver neste planeta onde temos tudo” e explica que são muitas as vezes em que o planeta é desvalorizado e tomado como garantido.
“As pessoas não têm a real noção de que este lugar não nos pertence a nós. Não é nossa propriedade. Nós temos a sorte de aqui podermos estar. E viver de forma sustentável, acaba por ter uma importância muito grande, porque permite que cuidemos da Terra e a preservemos para as gerações futuras”, reconhece Tatiana Gonçalves.
Tanto Salomé Santos, como Tatiana Gonçalves veem na sustentabilidade a salvação do futuro e, apesar de não ser uma missão fácil, ambas fazem a sua parte para salvaguardarem o planeta Terra. As jovens deixaram de consumir carne e peixe, apostando nos produtos vegetais e biológicos, para além disso, têm atenção ao uso de produtos com embalagens e sacos de plástico, substituindo-os, sempre que possível, por sacos reutilizáveis ou de pano.
Tatiana Gonçalves acrescenta que também há a necessidade de ter cautela com as pequenas ações do dia a dia, que podem ter um grande impacto no planeta e no meio ambiente, como “ter atenção com as torneiras, reciclar sempre que possível, desligar as luzes, entre outras”.
Já Salomé Santos explica que, entre as coisas que adaptou para tornar o seu estilo de vida sustentável, a diminuição do consumo de roupa e a aposta na compra de roupa em segunda mão e em marcas sustentáveis, foi das decisões mais relevantes que fez. “Para mim, os pilares mais importantes foram comprar menos roupa, deixar de comprar fast fashion e diminuir ao máximo o meu consumo de carne”, afirma Salomé Santos.
Roupas em segunda mão
Ana Rita Santos possui um pequeno negócio online de venda de roupas em segunda mão. Azumi Clothes é o nome da página de Instagram que dá uma nova vida à roupa da jovem viseense. Ana Rita Santos estava no segundo ano da universidade, quando olhou para o seu guarda-roupa e pensou que não tinha roupa que gostava de vestir. A partir desse momento, começou a procurar algumas sugestões sobre o que fazer, sem ter que consumir fast fashion.
“O vídeo que vi, dizia para não termos medo de retirar todas essas peças e deixar apenas as que genuinamente gostamos e usamos regularmente, com algum receio decidi experimentar e nos dias seguintes a minha maneira de pensar mudou. Já não tinha problemas em escolher o que vestir todos os dias porque o que estava à vista no armário eram coisas que eu gostava mesmo de usar”, explica Ana Rita Santos.
Assim, criou a Azumi Clothes, que conta atualmente com cerca de cinco mil seguidores, onde começou a vender a roupa que não usava e a dar-lhes um novo lar. Ana Rita Santos, esclarece que há mais pessoas a comprar em segunda mão do que parece, porém ainda é uma prática recente em Portugal e muita gente tem vergonha de comentar sobre o assunto. Ainda assim, Ana Rita Santos acredita que estamos a progredir para uma sociedade cada vez mais sustentável e acrescenta que não é uma prática “tão difícil como parece, a carteira agradece e acima de tudo o planeta”.
A sustentabilidade tem vindo a ganhar um grande peso no mundo contemporâneo, e são cada vez mais os portugueses a agir e a adotar um estilo de vida sustentável. Tatiana Gonçalves considera que prática da sustentabilidade atingir todos os portugueses está longe de acontecer, e esclarece que “a mudança é urgente, o planeta já tem vindo a dar sinais de esgotamento e talvez nós já não estejamos cá para ver, mas temos de deixar de ser tão egoístas e pensar no futuro e nas futuras gerações”.
Salomé Santos explica que o estilo de vida sustentável chegar a todos os portugueses é difícil de acontecer, pois existem pessoas que não têm o privilégio de poder pensar neste assunto, porque têm questões de sobrevivência que se sobrepõem. No entanto, a jovem acredita que ainda é possível fazermos a diferença.
“Não gosto do pensamento derrotista de «não vou fazer nada, porque já não vale a pena», claro que vale a pena, estamos todos a tempo e temos é de agir e não nos esconder atrás de desculpas”, afirma Salomé Santos.
Ainda que acredite que a sustentabilidade está longe de alcançar todos os portugueses, Salomé Santos garante que, mais tarde ou mais cedo, estaremos todos conscientes do assunto, por obrigação, pois iremos começar a sentir as verdadeiras consequências das alterações climáticas e da destruição do planeta e, “vamos ter que mudar hábitos, a bem ou a mal”.
Salomé Santos deixa o apelo a todos os portugueses e explica que o importante é começar, fazer alguma mudança, pois nunca iremos estar preparados para alterar o nosso estilo de vida, mas temos de começar por algum lado.
“Nunca iremos ser perfeitos no assunto da sustentabilidade, porque é uma questão que engloba várias camadas, então nunca vamos chegar a todo o lado, algumas pessoas vão conseguir deixar de comer carne, outras apenas reduzir e o mesmo com a fast fashion, e o que importa é a intenção, trabalhar para mudar alguma coisa, seja com passos maiores ou com passos mais pequenos, sem nos escondermos atrás de desculpas”, refere Salomé Santos.
Tatiana Gonçalves acredita que o primeiro passo é pesquisar sobre o assunto, informámo-nos sobre o que está a acontecer à nossa volta, e só assim poderemos fazer a diferença. “Quando nos informamos e ganhamos plena consciência do que está a acontecer é muito mais fácil ter força de vontade e pensar duas vezes antes de tomar qualquer tipo de decisão que pode ter consequências futuras”, esclarece Tatiana Gonçalves.
A sustentabilidade para muitos é um tema desconhecido e para outros um tema que merece a maior atenção da sociedade. Todos podem fazer a diferença e salvaguardar o nosso futuro no planeta e o futuro dos que estão para vir. Como refere Tatiana Gonçalves e Salomé Santos, o importante é começar com pequenos passos e informámo-nos sobre o assunto.