Viseu em vigília pelas vítimas de violência de género
Na próxima terça-feira, dia 25 de novembro, celebra-se o Dia Internacional pela eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres. No Mercado 2 de Maio, a partir das 18H, a Plataforma Já Marchavas vai a público, numa manifestação em prol e homenagem todas as vítimas que sofrem violência de género.
Por: Catarina Pereira
A plataforma teve início em 2018 e continua a fazer-se sentir nos dias de hoje. Trata-se de um movimento de cidadãos e coletivos na luta e defesa pelos direitos humanos, assumindo-se como uma plataforma antifascista, feminista, LGBTQIA+, antirracista, democrática, entre outros. A manifestação que decorrerá a 25 de novembro tem como principal objetivo lutar pelo fim da violência de género, denunciando as falhas do Estado e exigindo políticas eficazes que garantam segurança, dignidade e direitos para todas as mulheres.
A violência doméstica em Portugal será um dos temas abordados nesta terça-feira. O crime foi o que mais mortes provocou em Portugal em 2025, 11 mulheres perderam a vida na primeira metade do ano. Com a crise na habitação a agravar as dificuldades de autonomia, muitas vítimas acabam por permanecer mais tempo com os seus agressores, dificultando a saída de situações de violência. Para além disso, as pessoas em risco dependem também dos agressores pela falta de políticas eficazes relativamente aos mesmos.
Outro tema previsto a abordar é o da violência obstétrica e saúde reprodutiva. A crise no Sistema Nacional de Saúde (SNS), provocou também um aumento da violência obstétrica. O fecho destas urgências levou a dezenas de casos de bebés que nasceram fora dos hospitais e unidades de saúde. Em setembro deste ano, o número já somava 57 casos, mais do que em todo o ano anterior.
Nos últimos anos foram aprovadas leis fundamentais para a proteção dos direitos das mulheres. Destacam-se a erradicação da violência obstétrica, a proibição do casamento de menores e a criação de faltas justificadas para pessoas com endometriose (crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, causando dor intensa e infertilidade) ou adenomiose (quando o tecido endometrial cresce dentro da parede muscular do útero, provocando dor muito abundante). Soma-se a estes avanços a transformação da violação em crime público, garantindo maior proteção às vítimas e a criminalização da produção e partilha não consentida de imagens íntimas, incluindo deepfakes. Estas medidas representam evolução no combate à violência de género e na defesa da autonomia e dignidade de todas as mulheres.
A sororidade e a solidariedade têm sido apontadas por especialistas e organizações como elementos fundamentais na construção da força coletiva entre mulheres. Estas dinâmicas, presentes em diferentes contextos sociais, dão origem a redes de auxílio, resistência e cuidado que procuram responder a situações de injustiça e desigualdade. Em cenários onde a resposta do Estado se revela insuficiente na garantia de proteção, direitos e condições dignas, são frequentemente estas relações informais que assumem um papel central, criando espaços considerados seguros e mecanismos de apoio que permitem a muitas mulheres enfrentar realidades de maior vulnerabilidade.
A iniciativa faz parte de um conjunto de ações que visam sensibilizar a população para a violência de género e dar visibilidade às vítimas.
