Shutter Down: “Um futuro forte, começa com o presente”
Começaram como uma banda de covers e atualmente são uma banda de rock com singles próprios, que dá concertos em Portugal e no estrangeiro. Shutter Down, a banda viseense criada em 2011, quer crescer no mundo da música e levar a sua voz aos quatro cantos do mundo.
Reportagem por Inês Silva
O rock surgiu durante a década de 1950 nos Estados Unidos da América e tem vindo a evoluir até aos dias de hoje. A sua popularidade foi crescendo cada vez mais, e embora haja quem acredite que os dias de glória do rock já não voltam, muitos são aqueles que se identificam com o género musical e que defendem que o rock veio para ficar.
Este é o caso dos Shutter Down. Sérgio Maia é o vocalista da banda que é constituída por mais 4 elementos: no baixo está “Bux” Jorge Pinto, “Bó” André Lázaro na bateria, e nas guitarras elétricas “Slash”Ricardo Figueiredo e Gonçalo Coelho.
A carreira dos Shutter Down começou no ano de 2011, com o projeto para tocar covers em bares. Com o entusiasmo das pessoas em relação às interpretações de cada cover, começaram a surgir vários pedidos para apresentarem músicas originais. Durante vários anos a hipótese esteve em cima da mesa. A vontade de se tornarem conhecidos pelas próprias músicas cresceu, até que a transição para uma banda de originais se tornou inevitável. “A banda estava a funcionar muito bem com os covers, mas quando tens aquele “bichinho” persistente de fazer música, criar, compor, fazer algo teu e exprimir os teus sentimentos únicos é algo que é mesmo inevitável passar isso tudo para os instrumentos e criares música”, refere André Lázaro.
Como os fundos para gravar um álbum eram poucos, a solução para o conseguir passou por fazer um crowdfunding (financiamento coletivo) na plataforma portuguesa PPL. Neste contexto criaram, em 2015, o primeiro single original “The Edge of Domination” bem como o videoclipe da música, que acompanhou a campanha de angariação. As restantes músicas foram criadas entre os concertos realizados em Portugal e Espanha e deram origem ao primeiro álbum da banda “Awake”, gravado em Guimarães e lançado no dia 25 de junho de 2017.
Em 2019, lançaram “Sorrow” e “Save me”, mais dois singles originais do grupo. Por agora, não tencionam lançar um álbum, mas não descartam a possibilidade de isso acontecer mais tarde. “Depois do nosso primeiro álbum “AWAKE”, foi consensual que iríamos divulgar o nosso trabalho criativo de forma diferente. […] Agora preferimos lançar o nosso trabalho no momento certo sem ter a pressão de fazer 10 músicas”.
“O público salta connosco e nós saltamos com eles”
Quando se falou de objetivos, Gonçalo Coelho destacou imediatamente aquele que é o sonho de toda a banda. “O nosso maior sonho enquanto banda é chegarmos ao máximo de público possível, algo que nos permitisse fazer uma tour internacional a encher estádios. Penso que no fundo é uma ambição partilhada com quase todas as bandas do planeta, mas claro que sonhar não custa e na realidade acreditamos mesmo no nosso trabalho”.
Os concertos, que começaram por Viseu, acabaram por se estender ao resto do país e posteriormente ao estrangeiro. Para além dos espetáculos em Portugal, os Shutter Down já fizeram uma tour europeia que os levou a pisar palcos em Espanha, Holanda e nos Países Baixos. Tanto dentro como fora do país a banda diz ter sido sempre bem recebida e que é assim que sentem “como a música consegue realmente conectar as pessoas. O público salta connosco e nós saltamos com eles e é um sentimento indiscritível, porque mesmo que não conheças ninguém é como se te sentisses em casa”, descreve Sérgio Maia.
Quanto aos rituais que por norma antecedem os espetáculos, a banda confessa que apenas tem o hábito de, ao fim de jantar, beber um shot de Brandy 1920, marca que os patrocina.
Tempos difíceis não desanimam
O ano de 2020, que aparentemente seria um ano como tantos outros, ficou marcado pela presença da pandemia que assolou o mundo inteiro. A chegada do Novo Coronavírus foi responsável por mudanças bruscas na vida das pessoas a todos os níveis. Prejudicou vários setores como a economia e o ensino, e paralisou outros como é o caso da cultura.
Os Shutter Down admitem ter sentido uma enorme diferença na sua agenda comparando com o período homólogo. “Em 2019 fizemos cerca de 50 concertos por Portugal e ainda uma Tour Europeia, o que é impensável de se fazer neste momento. No ano de 2020 fizemos 3 concertos, é uma diferença abismal”. A banda admite que projetava para 2020 um ano bastante semelhante àquele que foi 2019, mas por força da pandemia toda a agenda ficou suspensa. Este corte na realização dos concertos “teve um impacto acentuado no que toca aos rendimentos e à própria gestão da banda”, diz o baterista André Lázaro.
Tencionavam entrar em estúdio durante o ano para gravar mais duas músicas, mas a epidemia veio baralhar os planos. Com o avançar do confinamento, não só a banda como todos os artistas, foram obrigados a adaptar-se à distância a que todo o contexto pandémico obriga. Para se manterem mais perto do público começaram a ter uma presença mais assídua nas redes sociais através de concertos online, vídeos e publicações sobre as influências de cada membro.
Apesar de ainda não haver fim à vista para a covid-19, o grupo não perde a vontade de construir um futuro brilhante no mundo da música. “Um futuro forte começa com o presente. Vamos continuar a trabalhar em novas faixas para lançar novo material e tocar ao vivo. Vamos começar por conquistar a Europa e depois o palco mundial, aqui não traçamos limites. […] Não queremos ser apenas mais uma banda, nós queremos criar o nosso legado em Portugal e no Mundo”, conta Sérgio Maia.
Para o público e fãs da banda e de outros artista, os Shutter Down deixam um apelo para a valorização e apoio da cultura principalmente “durante esta época mais difícil. O público está restringido mas há muitas formas de apoiar e valorizar a cultura, seja a partilhar, a comprar música, merchandising, a participar em iniciativas que os artistas promovam. Façam parte da cultura, precisamos de estar todos juntos nisto”.
Os fãs e seguidores
Desde que surgiram pela primeira vez, os Shutter Down têm vindo a ganhar fãs um pouco por todo o lado. A banda conta que tem seguidores que os acompanham para todo o lado e que são os fãs o verdadeiro motivo que os leva a fazer músicas. “Quando fazemos música é para eles, e a música tal como outras artes só tem sentido com o público. Nós até lançámos uma música “Save me”, que é uma homenagem ao nosso público, que inclusivamente aparece no videoclip”, conta o baixista Jorge Pinto.
João Alves, 20 anos, diz já conhecer os Shutter Down desde a altura em que eram uma banda de covers. Foi a performance da banda em palco que o fizeram dele um fã pois considera que “não são apenas os seus temas que são muito bons, mas também a forma como eles mostram o seu trabalho em palco e interagem com o público”.
A sua música favorita é a “Tomorrow”. “Além me dar uma vida nova, de me limpar a alma, deixa me com mais vontade de viver o dia-a-dia, de deixar de vez para trás o que já lá vai e de me focar no hoje e no amanhã”, explica João Alves. Confessa ter uma vasta coleção de artigos relacionados com a banda desde camisolas, a pins e até pele de bateria com um grafismo dos Shutter Down.
Daniela Cabral tem 32 anos e a sua relação com a banda tem contornos diferentes da de João Alves. Ainda antes de ser criado o primeiro projeto, já Daniela mantinha uma relação de amizade com a maioria dos elementos. Desde cedo que mostrou o seu apoio à banda que diz que “já revelava talento quando eram apenas uma banda local de covers”. Quanto a músicas favoritas confessa que não tem uma específica mas que tem uma preferência pelas músicas do álbum Awake.
Francisco Silva, 19 anos, conheceu os Shutter Down através de um amigo. “Tornei-me fã da banda quando um amigo meu me mostrou as músicas e desde então tenho feito o que posso para os acompanhar”. Com o passar do tempo, Francisco confessa que quis muito conhecer os elementos da banda “queria conhecer a banda pessoalmente desde o dia em que os ouvi pela primeira vez. Consegui fazê-lo num concerto em Viseu, do qual ainda trouxe um cd autografado e adorei a forma como eles se relacionam com os fãs”.
O sucesso da banda entre o público tem sido crescente e os Shutter Down mostram-se satisfeitos com isso. O grupo pretende continuar a aumentar o seu reconhecimento e deixar um legado no mundo da música nacional e internacional