Portugal não está preparado para enfrentar o COVID-19
O número de casos de COVID-19, a doença causada pelo coronavírus, continua a aumentar de dia para dia. São já 2800 mortes registadas e mais de 82 mil pessoas infetadas em todo o mundo. Em Portugal foram hoje confirmados os dois primeiros casos.
Por Daniel Fernandes
Portugal não está preparado para enfrentar o surto do coronavírus. Quem o diz é Vítor Duque, do Serviço de Doenças Infecciosas na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Segundo o médico, os hospitais portugueses “não estão preparados para lidar com esta infecção, nem têm capacidade de internamento para todos os doentes em caso de pandemia. Não estão preparados em termos de meios humanos treinados, não estão preparados em termos e capacidade de diagnóstico em larga escala e não estão preparados em termos de capacidade de internamento”.
Apesar de os meios serem poucos, Vítor Duque diz ser importante estar em alerta, tanto em Portugal, como nos restantes países do mundo, e isso significa “ter equipas preparadas para lidar com potenciais casos e ter capacidade de diagnóstico instalada em vários centros hospitalares”.
A cura para este vírus não está perto de ser encontrada, porém “estas epidemias ou pandemias são um terreno propício para se estudarem medicamentos que já existam e testá-los em relação à sua actividade antivírica”, diz Vítor Duque, acrescentando ainda “que o prognóstico dos casos graves depende mais do suporte inicial da medicina intensiva do que de uma terapêutica anitivírica específica. Não é possível prever neste momento quando surgirá um tratamento específico para esta situação cuja eficácia tem que ser validada por ensaios clínicos que demoram tempo”, concluiu.
Tudo começou na província de Whuan, na China, num mercado de frutos do mar, em dezembro do ano passado. A doença foi nomeada oficialmente pela Organização Mundial de Saúde como COVID-19, no dia 11 de fevereiro. Até agora ainda não foi possível saber-se como ocorreu a mutação deste vírus.
A maior parte dos casos está a ser registado na China, mas há registos em vários países do mundo e a Itália é a última grande vítima deste surto ao ser já o terceiro país com maior número de infetados no planeta.