O sonho por cumprir do jornalismo

Andreia Inácio, de 43 anos, começou a trabalhar na Escola Superior de Educação (ESEV) há quase vinte anos. Nos três primeiros anos, esteve no polo da escola em Lamego. Foi nesta altura que nasceu o primeiro filho. Depois, Andreia mudou-se definitivamente para Viseu, e começou a exercer funções na ESEV na área da informática.

Andreia Inácio trabalha atualmente na ESEV, em ViseuAndreia Inácio começou por estudar Relações Internacionais, em Lisboa, mas depressa percebeu que não seria este o curso que sempre quis. Era o jornalismo que a fazia sonhar e depois de se mudar para Viseu, matriculou-se em Comunicação Social, na ESEV.

Apesar de ter tomado a decisão de abandonar Relações Internacionais, a atual responsável pelo Centro de Meios de Audiovisuais (CMAV) da ESEV teve de esperar um ano para entrar no curso que sempre sonhou. Durante essa espera, Andreia fez um estágio no Governo Civil e outro na TVI, que durou cinco meses. Na altura, Andreia até tinha uma proposta deste canal, mas não foi suficiente para a atrair. “O ordenado era baixo”, recorda.

“De facto, o jornalismo sempre me fascinou e fascina os jovens em geral, embora o mercado de trabalho seja diferente da expectativa. Há alguns que entram nesse mundo, mas em geral é uma área em que o vencimento mensal é muito baixo em relação ao que ganho na ESEV”, constata a funcionária.

Andreia Inácio optou por ficar em Viseu, para alcançar tudo o que sempre desejou. “Tinha outros planos. Chegamos a esta idade e perguntamos porque é que não estudei mais, para poder seguir outras áreas, para hoje as aplicar noutras coisas que dariam jeito”, lembra.

Quando questionada sobre a qualidade e o estado da ESEV enquanto instituição, Andreia refere que o facto de a ESEV ser a escola mais antiga do IPV resulta em infraestruturas com alguns problemas. Contudo também tem os seus lados positivos ao estar bem localizada, ao ter um edifício antigo, mas bonito. “A ESEV precisa de obras e de espaços novos seguidos de um ar novo e renovado, porque tudo atrai os alunos e isso é importante. Acho que é preciso uma renovação do espaço físico, a nível de materiais”, sugere Andreia.

Sobre o material disponível, câmaras, microfones, tripés, gravadores, pela ESEV, Andreia explica que a escola sempre fez um grande investimento na aquisição de materiais e equipamentos para preencher melhor os espaços e para melhorar a qualidade das aulas, ao aumentar os tipos de experiências audiovisuais.

A responsável pelo CMAV admite que a instituição poderia melhorar a condição do material, apesar de não ser uma tarefa fácil: “Os equipamentos são todos muito caros e os cursos exigem muitos deles e é difícil suportar estes custos. Quando tirei o curso, não havia nada, se precisássemos de fazer um vídeo publicitário precisaríamos de alugar uma câmara ou ter uma câmara pessoal, tínhamos de arranjar outras maneiras”, lembra a funcionária.

Uma das vantagens do site da ESEV é a plataforma onde os alunos podem requisitar o material, pelo que não precisarem de o fazer presencialmente no CMAV. Ainda assim, as queixas dos alunos são muitas: “realmente existem problemas informáticos que limitam muito o acesso, porque os alunos não conseguem ter as passwords. O sistema online até funciona bem, os alunos veem o equipamento, colocam a hora e o dia de entrega de levantamento e nunca houve grande problemas”.

A funcionária adverte para o mau uso dos equipamentos pelos alunos. “O equipamento é muito caro, têm havido avarias e problemas”, lembra Andreia Inácio, por isso pretende criar regras que limitem a utilização inadequada do material.

Num plano pessoal, e sobre futuras ambições, Andreia centra-se na família. Em breve, o filho mais velho irá para a universidade, o que já levou Andreia a ponderar a possibilidade de tirar outro curso. Esta ideia foi também motivada pela Pós-Graduação em Direito da Comunicação, na Universidade de Coimbra, que Andreia concluiu recentemente.

“Gostei muito desta área, é uma área a explorar no futuro graças às redes sociais, os direitos individuais das pessoas”, refere Andreia. A responsável pelo CMAV considera também que a área do direito da comunicação está ainda por explorar. “Poderia tirar Direito e enveredar por aí, mas o trabalho aqui na escola vai-se mantendo, não me sinto muito realizada, mas também não me sinto muito inútil”, desabafa, com humor.

 

Texto de: Alice Santos, César Silva, Marlene Moreira e Patrícia Brandão

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