Gémeos até na profissão
Paulo Rocha trabalha há 12 anos na Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV). É neste local que encontra todos os dias o irmão gémeo, Carlos. “Andamos sempre um atrás do outro”, diz Paulo, bem-disposto. Ambos são seguranças e trabalham juntos há 24 anos.
Paulo nasceu na Alemanha e veio para Portugal quando ainda estava no 3º ano do Ensino Básico. Depois de terminar o 11º ano, foi chamado para prestar serviço militar, juntamente com o irmão, onde permaneceram um ano.
Depois de cumprido o serviço militar, Paulo Rocha terminou o 12º ano. Fez um curso de formação na área da segurança e começou a trabalhar no Hospital São Teotónio de Viseu. Todo este percurso foi feito com o irmão. No hospital, também trabalhava como vigilante e permaneceu nesta instituição durante 12 anos. O facto de ter nascido na Alemanha e por ainda manter viva a sua língua materna fez com que Paulo Rocha vivesse um episódio caricato, nas urgências do hospital.
Entretanto, a empresa para a qual trabalhava ganhou um concurso público para tomar conta da segurança da ESEV. Paulo e o irmão foram escolhidos para trabalhar nesta escola, porque “éramos boas relações públicas para aqui. Viemos e ficámos”.
Paulo Rocha tem uma rotina bem definida. As principais tarefas passam por fechar e abrir os serviços, tratar da iluminação, do estacionamento, manutenção dos espaços e plataformas. “Gosto essencialmente de contactar com os jovens, brincar com eles e ao mesmo tempo protegê-los, mas eles não dão muito valor a isso”, lamenta o funcionário.
Paulo confessa não ter preferências. Diz gostar de todos os alunos, docentes e não docentes. Todos acabam por o cumprimentar: “um bom dia há sempre, até dos estrangeiros”.
Em relação aos alunos de outros países, Paulo Rocha relembra que a maior parte são espanhóis. É aqui que consegue fazer a distinção entre estes e os alunos portugueses. “São tão simpáticos como os portugueses, mas falam muito. Têm um comportamento mais efusivo. Nós, os latinos, somos mais calmos. Se eu passar num corredor sei que numa sala estão lá os alunos espanhóis porque fazem um barulho tremendo. Falam muito alto. Mas fora isso são muito simpáticos, são uns queridos”, explica.
Mesmo considerando-os “queridos”, diz que os alunos espanhóis inicialmente são contidos, porque não interagem tanto. Ao longo do tempo “acabam por interagir e ficam algumas amizades. Tenho alguns amigos espanhóis no Facebook, que foram nossos alunos aqui na escola”, recorda o segurança.
O facto de Paulo e o irmão gémeo trabalharem no mesmo espaço motiva algumas peripécias. Nomeadamente de alguns alunos lhe perguntarem se trabalhava das 7h à meia noite, pois não percebiam o facto de ser sempre o mesmo segurança. Paulo já nem valoriza esta confusão: “já me persegue há muito tempo, já nem ligo”, afirma com naturalidade.
Já trabalha nesta escola há mais de 12 anos e durante esse tempo relembra que nunca houve um assalto, nem nada do género na ESEV. “Tudo tranquilo. A única coisa que aconteceu foi uma vez ter desaparecido um projetor. Ainda hoje não se sabe o que aconteceu. Foi a coisa mais estranha”, recorda o segurança.
Texto de Ana Sousa, Adriana Santos, André Ribeiro e Sandra Dias