“Distribuição da desinformação tem ajuda das plataformas e financiamento através da publicidade”

Esta quarta-feira, a Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV) recebeu mais uma edição dos Dias de Comunicação Social. A iniciativa marca os 24 anos do curso, e “Verdade ou Consequência” foi o mote que guiou as sessões.

Susana Relvas, Pedro Coutinho e Véronique DelPlancq

No âmbito da área disciplinar das línguas estrangeiras, o auditório da ESEV abriu as portas com a primeira sessão do dia intitulada de “Espanha: Comunicação Social e Atualidade”, que contou com a presença, via Skype, da professora Patrícia López García da Universitat Autònoma de Barcelona.

Patrícia Lopez García

Patrícia López já marcou presença na ESEV, como convidada no Colóquio Internacional de Línguas Estrangeiras e Empregabilidade, em novembro do ano passado.  A conferência centrou-se na problemática entre a comunidade autónoma da Catalunha e Espanha, em que considera que apesar de ser um problema identitário, tem as suas raízes na economia.

A professora destaca a questão linguística com 7 milhões de falantes de catalão para 45 milhões falantes de castelhano, no país espanhol. Na Catalunha, a língua castelhana continua bastante presente sobretudo no ensino e em meios de comunicação, “portanto, dizer que o castelhano na Catalunha se está a perder é um pouco excessivo porque não é a realidade”.

Atualmente, Patrícia López julga que a situação entre Espanha e a Comunidade Autónoma da Catalunha pode ser resolvida através do diálogo, e estará dependente do partido vencedor nas próximas eleições de 28 de abril.

A sessão foi completada com a presença de Miriam García Neila e Maria Muro Muñoz, alunas de Erasmus provenientes da Universidade de Burgos. Na sequência do discurso da professora Patrícia Lopes, Miriam García, de 21 anos, considera que Espanha é “uma nação composta por pequenas nações”, e que a diversidade é uma mais valia para a união do país.

Maria Muñoz, Miriam Garcia e Susana Relvas

Para as alunas, o futuro espanhol é algo incerto também dependente das eleições de 28 de abril, e pretendem que o seu país opte pelo diálogo, e não pela repressão.

A tarde abriu com as Jornadas de Literacia Mediática, que contaram com a presença de alunos do 3º ano de Comunicação Social, Rafaela Sousa, Luís Pina, João Carvalho, Alexandre Ferreira e Rafael Santos. No âmbito da unidade curricular de Assessoria da Comunicação, os estudantes apresentaram os resultados do seu estudo acerca da cobertura mediática das eleições europeias de 2019, relativamente ao Jornal do Centro e Expresso.

Rafaela Sousa, Luís Pina, João Carvalho, Alexandre Ferreira, Paula Lobo e Pedro Coutinho

Os resultados demonstraram que as eleições europeias acabam por não ocupar um espaço significativo na agenda dos jornais analisados.

Paulo Pena, jornalista do Diário de Notícias, Sofia Branco, presidente do sindicato dos Jornalistas e jornalista da Agência Lusa, e Carla Baptista, professora auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, foram as personalidades que marcaram a 2º parte das Jornadas de Literacia Mediática.

Paulo Pena

Paulo Pena fez a abertura da sessão e abordou o fenómeno das fake news. O jornalista refere que “os sites de fake news conseguem chegar a muita gente porque os algoritmos das redes sociais espalham aquilo que é potencialmente real”. Em contrapartida, afirma que os jornais tradicionais trabalham com a verificação de factos. Paulo Pena afirma que a criação de sites de fake news assenta em questões monetárias e que “a distribuição da desinformação tem ajuda das plataformas e financiamento através da publicidade”.

De seguida, Sofia Branco, presidente do sindicato dos Jornalistas, assume-se como feminista e aborda a questão do género representado nos meios de comunicação social, em que apenas “1 em 5 especialistas é uma mulher (…) e que não estão neste espaço mediático, que é um espaço de poder”.

Sofia Branco

A jornalista acrescenta a problemática de associação entre os meios de comunicação social e o poder político como algo negativo para o jornalismo de qualidade.

Sofia Branco destaca o projeto-piloto sobre Literacia para os Media do Sindicato dos Jornalista aprovado pelo Ministério da Educação, que “envolve os jornalistas no processo educativo”, em que estes estão disponíveis para formar professores e não alunos. O objetivo é incentivar professores a desenvolver atividades na área jornalística.

Jornadas de Literacia Mediática arrancaram ontem na ESEV

Carla Baptista encerrou as sessões das Jornadas de Literacia Mediática, destacando um plano de ação apresentado pela Comissão Europeia de combate à desinformação, que se pretende detetar facilmente informações incorretas. Assim, prevê-se a elaboração de vários softwares capazes de analisar as interações nas redes sociais, e sinalizar campanhas de desinformação, “portanto, ser capaz de perceber que trânsitos é que existem online sobretudo em momentos eleitorais e que são transnacionais”.

Carla Baptista

Os dias de Comunicação Social terminam hoje com o Encontro de Jornalismo Especializado e testemunhos de ex-alunos de comunicação social relativamente aos seus estágios.

 

Texto: Filipa Jesus

Imagens: Diana Lopes

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