“E se ficar esquecido?”
A reportagem “E se ficar esquecido” conta histórias de cinza. Histórias gravadas a fogo. Histórias e impotência e de vontade de reerguer. Histórias dos concelhos de Vouzela e de Oliveira de Frades. Histórias que o #daComunicação recorda na reportagem dos alunos do 2º ano de Comunicação Social: João Pereira e Luís Moita.
São testemunhos de quem viveu muito perto os incêndios de 15 de outubro de 2017 no centro do país. Todos eles relatam um cenário dantesco nunca antes visto. Quatro meses depois de Pedrogão Grande, a tragédia instalava-se de novo num país que ainda estava de luto.
Passados quase três meses dos incêndios, a população queixava-se. A incerteza pairava ainda na cabeça de quem não encontra a palavra certa para definir o que aconteceu. A dor que assola Maria Cristina é a mesma que sente Luís Varela. Há 7 anos, recuperou um terreno de família em Cambra, no concelho de Vouzela, e transformou-o numa exploração de frutos vermelhos. O fogo levou quase tudo.
Cada um por si. Foi assim que em dezenas de aldeias do centro do país: as pessoas combateram o fogo tentando salvar os seus bens e a própria vida. Em Ventosa, outra freguesia do concelho de Vouzela, por exemplo, os bombeiros nunca lá chegaram.
Do negócio de Exploração Florestal que Fernando Carvalho tinha só sobrou mesmo o local. A rapidez com que o incêndio avançava, não permitiu salvar a serração.
Sete quilómetros separam o concelho de Vouzela do concelho de Oliveira de Frades. 14 dias depois das Eleições Autárquicas, Paulo Ferreira foi a cara da impotência de um presidente eleito que não podia agir.
Dos incêndios de outubro em Oliveira de Frades, há a lamentar uma vítima mortal, 4151 hectares de área ardida, mais de 50 casas de primeira habitação destruídas, 64 empresas com danos avultados, centenas de animais mortos, vários terrenos agrícolas e equipamentos municipais danificados. O Presidente da Câmara refere que foi o pior momento da história do concelho.
Aos incêndios de outubro no centro do país acorreram bombeiros de toda a região. José Requeijo, comandante dos bombeiros de Moimenta da Beira, recorda na reportagem áudio uma madrugada trágica. A manhã ameaçava não trazer boas notícias. Em Vouzela morreram quatro pessoas, uma delas na freguesia de Queirã.
Mais de 80% do concelho ardeu. As chamas destruíram casas de primeira habitação, aviários, explorações agrícolas, tratores e até carros. Cerca de 3 meses depois da tragédia, as vítimas tentavam já olhar para o futuro.