“Peço ajuda para fazer melhor aquilo que tenho para fazer”
Nascida em Angola em 1974, Assunção Cristas conta já com um vasto currículo. Mãe de quatro filhos entre os 16 e os quatro anos, a atual líder do CDS/PP começou por licenciar-se em Direito pela Universidade de Lisboa, tendo mesmo sido aluna de Marcelo Rebelo de Sousa. Doutorou-se em Direito Privado e chegou a lecionar esta área, no campo dos contratos e obrigações. Assunção Cristas foi ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território do XIX Governo Constitucional, de 2011 a 2013, e ministra da Agricultura e do Mar do XX Governo Constitucional, até 2015.
“Becas”, como é chamada pela família, assume-se católica praticante. Numa entrevistas ao blog de Anabela Mota Ribeiro, Cristas diz que a tendência política não é como escolher o clube de futebol, “Sou de direita porque a minha família é de direita. Habituei-me a olhar para o mundo com os olhos de uma família de direita. Se alguma vez questionei isto? Muitas vezes as pessoas crescem na oposição, fazendo um contraponto ao que foi a sua herança. Nunca senti essa necessidade”.
O CDS chega apenas em 2007. O convite chega do próprio Paulo Portas, depois de não passar despercebida na campanha do referendo da Interrupção Voluntária da Gravidez, defendendo o “Não”. Antes disto, em 2002, já tinha sido assessora da ministra da Justiça Celeste Cardona. “Vá, que vai crescer” foram as palavras do seu orientador de tese à altura.
Entrevistada por Daniel Oliveira, a deputada do “pacotinho de leite” lembra a terra onde nasceu com lágrimas nos olhos mostrando um lado que muitas vezes achamos que os políticos não têm. A casa onde viveu, a maternidade onde nasceu, o consultório da mãe, o escritório do pai, o cemitério onde está o avô e o “irmão pequenino” e a igreja onde foi batizada foram os sítios visitados por Assunção Cristas numa viagem não planeada a Luanda, em 2004. “Fartei-me de chorar. Percebi que tinha ali umas raízes muito fortes”, recordou.
Revela ainda que reza todos os dias, embora agradeça mais do que pede: “Agradeço pela minha família, pelos meus amigos. Agradeço pela vida que tenho. E peço ajuda para fazer melhor aquilo que tenho para fazer”. A par de rezar, a antiga ministra fala também da necessidade que tem do silêncio da missa, de onde sai mais tranquila.
Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa e Herberto Hélder são alguns dos autores preferidos de Assunção Cristas. Mas engane-se quem pensa que esta passa o tempo livre sentada a ler. Depois da última gravidez, a líder do CDS confessa à TVI que teve “a preocupação de voltar ao “normal”. Começou por andar junto ao Tejo, ainda durante a licença de maternidade, mas foi com o regresso ao trabalho que começaram as corridas.
Em março do ano passado foi eleita presidente do CDS com 95% dos votos, substituindo aquele que a convidou para integrar o partido. Conseguiu ainda um “resultado histórico” para os democráticos cristãos nas autárquicas de 2017, onde a mesma concorreu para a Câmara de Lisboa conquistando o segundo lugar.
Texto: Joana Maia Rodrigues
Imagem: Assunção Cristas oficial