Retórica esteve em debate no X Congresso da Sopcom
Sob o tema “Retórica e política”, cinco investigadores da área da comunicação juntaram-se hoje para apresentar os seus trabalhos e debater ideias. José Gomes Pinto, professor da Universidade Lusófona de Tecnologias e Humanidades, moderou a sessão que contou com a presença de Joaquim Paulo Serra, Francisca Amorim, José António Domingues e António Bento.
Joaquim Paulo Serra apresentou o seu trabalho intitulado “Retórica e dialética no discurso político mediatizado”. Recorrendo a casos concretos de debates políticos televisivos (entre Paulo Portas e José Sócrates e António Guterres e Durão Barroso), o professor fez a distinção entre retórica e dialética demonstrando que “o melhor argumento não é o argumento mais lógico, mais bem ensaiado, mas o mais oportuno, aquele que melhor responde ao argumento do oponente”.
“A retórica – disciplina dos estudos de comunicação: uma reflexão sobre a retórica no panorama académico português” é o título do trabalho apresentado por Francisca Amorim, doutoranda em Estudos da Comunicação. A sua comunicação “responde ao desafio colocado pela Sopcom no sentido de uma auto e meta-reflexão e discussão sobre a investigação desenvolvida em Portugal nas Ciências da Comunicação”, explicou. A posição que Francisca Amorim defendeu foi a da “revalorização da retórica, enquanto disciplina dos Estudos de Comunicação, através da sua introdução nos cursos de Ciências da Comunicação das universidades portuguesas e da dedicação de uma maior atenção por parte da investigação científica sobre os media”.
José António Domingues apresentou a “Alegoria de Walter Benjamin como termo de um agenciamento retórico”, uma ideia que surgiu da leitura da segunda parte do estudo Origem do Drama Trágico Alemão. “Diferente dos objetos literários dramáticos de Shakespeare ou Calderón, no drama alemão as palavras, os gestos, a intriga, são lidos como falsos”, explicou o professor. José Domingues finaliza dizendo que “definir o modo de expressão da linguagem num sentido retórico, e por extensão apreender no objeto estético uma intuição ainda de imperfeição é o resultado que sustenta a questão que enunciamos”.
Por sua vez, o coordenador deste grupo de trabalho, António Bento, lançou “uma ideia pessoal para renovar os estudos da retórica que é estudar o lugar das emoções na vida pública contemporânea e sobretudo, a expressão pública das emoções nos media. Acreditamos que uma linha de investigação válida e insuficientemente explorada nos domínios próprios da retórica pode ser aquela que se propuser prolongar a reflexão de Aristóteles sobre as emoções na sua articulação com a constituição do que hoje se chama uma ética pública”, desenvolveu. António Bento concluiu que há uma ambiguidade constitutiva das emoções, isto é, “as emoções são os mobiles das nossas ações e todos nós sabemos que tal como as nossas emoções podem induzir e guiar as nossas ações elas também as podem paralisar ou impossibilitar”.
Texto: Rafaela Sousa
Imagem: Sandra Dias