Caminhos cruzados, culturas entrelaçadas. Bem-vindos a Viana do Castelo

Emigrantes de diversas partes do mundo encontram na cidade de Viana do Castelo, no norte de Portugal, um refúgio acolhedor. A cidade, com a sua tradição e cultural torna-se um cenário de novas esperanças e desafios, onde as políticas de integração e o apoio comunitário desempenham um papel crucial na construção de novos começos para aqueles que chegam.

Reportagem de Cecília Gonçalves

A cidade de Viana do Castelo, tornou-se nos últimos anos um porto seguro para muitos emigrantes de diversas nacionalidades. O esforço para integrar estes novos residentes na comunidade local é um processo complexo e contínuo.

O primeiro passo é a regularização dos emigrantes, seguida pela oferta de aulas de português. Carina Ramos, técnica da coesão social, enfatiza a importância da aprendizagem da língua: “Só os podemos ajudar ensinando-lhes a nossa língua. Existem aulas de português para migrantes onde eles fazem inscrição para aperfeiçoarem e aprenderem o básico”.

Festas e sabores e os desafios do dia a dia

Viana do Castelo acolhe cerca de 80 nacionalidades, com uma forte presença de brasileiros. Com o objetivo de promover a integração, a cidade organiza eventos como o “Chá Intercultural” e “As Cozinhas do Mundo”, onde portugueses e estrangeiros compartilham as suas tradições gastronómicas.

A cidade também promove visitas culturais a locais históricos e museus, como o Santuário do Sagrado Coração de Jesus no Monte de Santa Luzia.

O primeiro desafio enfrentado pelos emigrantes é a habitação. “As casas são muito caras”, relata Carina Ramos, a oferta é limitada e a procura é alta. A regularização dos documentos também é muito demorada. Outro obstáculo é o acesso à saúde e ao emprego, muito emigrantes já vem preparados para exercer trabalhos não qualificados.

Vidas Transformadas

Para aqueles que como Amina Rahmani, que fogem de conflitos armados, a situação é mais delicada. “Lidar com os emigrantes ilegais, sobretudo os fugidos de guerra, é complexo”, explica Gabriela Martins.

Amina Rahmani encontrou abrigo em Viana do Castelo há quatro anos. A Câmara Municipal foi crucial no processo de adaptação de Amina, oferecendo apoio psicológico e orientação, assistência na obtenção de documentos legais, acesso à habitação temporária e aulas de português. Atualmente, Amina é ajudante de cozinha, auxiliando na preparação dos pratos e garantindo a higienização da cozinha. “Conseguir o trabalho no restaurante onde estou foi uma bênção, mas as cicatrizes emocionais da guerra ainda continuam”, relata Amina.

Pedro Silva, de 35 anos, deixou o Brasil à procura de melhores condições de vida. “Cheguei a Viana do Castelo há três anos em busca de novas oportunidades”, conta. Atualmente trabalha nos estaleiros navais de Viana do Castelo, o maior empregador da comunidade migrante na cidade. Pedro Silva refere que enfrentou desafios linguísticos e culturais, mas com o apoio da autarquia, conseguiu superá-los.

Os últimos dados publicados pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) em 2021 indicam a presença de cerca de 3.000 migrantes em Viana do Castelo. “Mas não são números reais”, alerta Carina Ramos.

Um futuro promissor

Carlota Borges, vereadora da coesão social, descreve as políticas municipais de integração como multifacetadas. “As políticas municipais passam por um grupo de trabalho que têm como missão receber estas pessoas e encaminhá-las para tudo aquilo que é respostas a nível de segurança social e saúde.”

Com o crescimento da extrema-direita, a Câmara Municipal tem intensificado a vigilância sobre questões de xenofobia e racismo. Embora não haja queixas formalizadas, Carlota Borges acredita que estes incidentes ocorram, especialmente nas escolas.

O papel da autarquia minhota na integração dos migrantes é essencial para um desenvolvimento harmonioso da cidade. “A meu ver, o futuro passa também por percebermos que estas pessoas são importantes para o nosso dia a dia”, conclui Carlota Borges.

Imagem de Murilo Osorio por Pixabay

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