Michelle Obama e Oprah são as mulheres negras mais representadas nos media

A segunda sessão do Grupo de Trabalho de Jornalismo e Sociedade decorreu ontem na Aula Magna, naquele que foi o segundo dia do congresso da associação de investigadores de ciências da comunicação. O moderador, Pedro Coutinho, teve ao seu lado na mesa os oradores Nelson Oliveira, Bárbara Avrella, Cláudia Cambraia e Júlia Barros.

Cláudia Cambraia estudou as representações das mulheres negras nos média e analisou o Jornal Público e o Folha de São Paulo ,entre os anos 2000 e 2010. A oradora explicou que, no período do Estado Novo, a ideia de “uma língua, uma raça e uma religião” ajudou a consolidar a visão da nação portuguesa.

Segundo Cláudia Cambraia, existem pessoas que estão a considerar estes últimos anos como uma segunda onda de feminismo, facto que tem expressão em acontecimentos mediáticos, como o caso VuVu, em 1994, o caso Alcindo Monteiro, em 1995 e o arrastão de Carcavelos, em 2005. Numa das suas conclusões, a investigadora mostrou que as mulheres negras que mais aparecem na internet são Michelle Obama e Oprah e isto pode dever-se ao facto de serem personalidades norte-americanas.

Em 130 peças com fotografias de mulheres negras analisadas, a autora não encontrou o nome das mulheres, concluindo que aquelas imagens eram utilizadas para representar a exclusão, a fome e a pobreza. Um dos exemplos foi Naide Gomes, que em 2000, no início da pesquisa de Cláudia Cambraia, era apresentada nos media como tendo nacionalidade São-tomense/portuguesa. No entanto, depois de a atleta ganhar diversas medalhas, passou a ser denominada somente como portuguesa.

Nelson Oliveira veio falar de imprensa regional, assim como Barbara Avrella. O investigador deu como exemplo as diversas publicações dos dramas dos refugiados antes e durante a crise na síria e relembrou a “chocante” foto de Aylan, o menino que foi encontrado morto na praia. A sua conclusão aponta no sentido de os meios de comunicação regionais serem, hoje, um recurso transcendente na mediação cultural, para as populações que servem.

Júlia Barros teve como título da sua apresentação “Da Lusa ás redações” e mostrou a invisibilidade das eleições de Cabo verde nos média portugueses.

 

Texto: Ana Filipa Pimenta

Imagem: Inês Loureiro 

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