Crítica: “Como Mandar Tudo à Merda”, um guia para não seguir

Por Estela Menin

Em julho de 2022 a HBO Max apostou no público jovem e lançou a série “Como
mandar tudo à merda”. Com contexto simples, a série tem fácil identificação aos jovens
rebeldes por todo o mundo, e a vida de Alba torna-se modelo de como ir atrás da tão
desejada liberdade.

O título sugere de cara o rumo que deverá ser tomado na série, como uma simples
pesquisa na internet de “como passar uma linha pelo buraco da agulha” ou “como fazer
bolo de laranja”, Alba (Narla Lléo) vai mais além e ensinará a receita de como fugir dos
problemas de maneira fácil, rápida e em seguida descobrir-se-á se também é eficaz.


As questões sobre o seu passado e futuro são bem levantadas ao longo dos 22 minutos
do primeiro episódio. A primeira certeza sobre a personagem é a sua independência
prematura forçada. Ainda no ensino secundário, a jovem tem de resolver problemas
financeiros do seu irmão mais velho e tem autonomia (e coragem) suficiente para
decidir fugir para outro país com o que coube numa mochila.


Apesar de ter uma premissa já trabalhada em centenas de obras antes dessa, os autores
não conseguiram dar a volta por cima e evitar a previsibilidade da história. Por mais cativante que seja uma história, ela deixa de ser interessante se já a vimos outras vezes em diferentes formatos e com diferentes caras.


Em aspetos artísticos, não há do que desgostar. Desde o figurino, até as escolhas dos
planos, a direção artística acertou em tudo. Se há outro fator a ser elogiado, é também a
decisão de colocar jovens para interpretar jovens, uma obviedade que vem sido saltada
pelas séries espanholas. E, por certo, a atuação é dos pontos mais notáveis na obra.

Ao fim, o espetador termina o episódio com mais dúvidas que certezas, um gancho feito
com excelência para nos cativar a deixar o fluxo da plataforma seguir e levar-nos ao
próximo episódio. Aos jovens rebeldes que poderiam ser influenciados pelas decisões
da personagem principal, lembrem-se que este é um manual que deveria vir
acompanhado de um aviso de “não façam isso em casa”.

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