Lojistas de Viseu divididos após apresentação de medidas de poupança energética
O Governo apresentou na passada terça-feira, 27 de setembro, novas medidas de poupança para enfrentar a atual crise energética. As recomendações sugerem que se desligue “a iluminação de montras e similares após o encerramento dos estabelecimentos”.
Por Francisco Rodrigues e Leonor Neves
Fátima Silva, lojista na Ourivesaria Pereirinha, em Viseu, garante que esta é uma prática já adotada pela empresa e que concordam “com toda a política que seja de reciclar e do que tenha a ver com o meio ambiente”.
Estando a chegar a época Natalícia, o plano de medidas sugere também que as iluminações de Natal apenas se liguem das 18h00 às 24h00. Isabel Santos, responsável pela ourivesaria Flor do Ouro, concorda também com esta medida e afirma que “tem de se fazer alguma coisa para poupar e passa um pouco por aí”. A lojista não considera este tipo de medidas algo novo, dando até o exemplo daquilo que algumas lojas já fazem. “Nós por acaso nunca deixamos as luzes acesas, mas há muitas lojas que sei que ficam acesas até uma determinada hora e depois apagam”.
Isabel Santos refere ainda que é importante pouparmos também em nossas casas e de certa forma podia-se poupar mais na iluminação pública das grandes cidades, “estradas com luzes desnecessárias podiam-se desligar às vezes ou não ligar tantas para ficar mais espaçadas”. Em relação a possíveis assaltos, a responsável pela ourivesaria Flor do Ouro pensa que “ficando a rua mais escura talvez seja melhor mais policiamento, é melhor mais segurança e os policias podem andar mais nas ruas.”
Fátima Silva tem outro ponto de vista dizendo que os diferentes negócios têm de estar preparados: “temos de estar prevenidos nesse sentido, a nível de segurança. Hoje há muitos métodos de podermo-nos proteger noutros sentidos e temos de ver o melhor método de segurança para cada estabelecimento”.
Licínia Almeida é proprietária da Ourivesaria Momentus Dourados e não tem dúvidas que com as montras desligadas são mais propícios os assaltos. Tem uma opinião bastante diferente em relação às medidas propostas pelo Governo: “acho que cada um é que deve saber governar a sua casa. Eu se entender que posso ter as minhas luzes ligadas, não há ninguém que me as possa fazer apagar. Se eu entendo que a casa não dá para ter as luzes ligadas, não se têm ligadas. O Governo devia era ter outras opções.”
Outras opções essas que passariam por, na opinião de Licínia Almeida, diminuir a disparidade salarial dos portugueses “Se houvesse menos discrepância de salários aí sim o país andava muito melhor, não havia tantas diferenças”.
A proprietária da Momentus Dourados desabafa que os governos, trabalhando em conjunto com as Câmaras, em vez de mandarem desligar as luzes podem reduzir o preço da água. Ressalva o facto de se pagar juntamente com a fatura da água as limpezas do lixo e das ruas, “coisa que não se vê, porque no primeiro dia que chove há logo cheias pela rua abaixo porque as sargetas não são limpas”.
O plano de poupança de energia 2022 -2023 inclui, entre as medidas obrigatórias para reduzir o consumo de energia na administração pública central, além das limitação horária das luzes de Natal, que a iluminação com caráter decorativo dos edifícios será desligada a partir das 22 horas no período de inverno e a partir das 23 horas no verão. Já a iluminação exterior de caráter decorativo deverá ser desligada a partir das 24h00, “salvaguardando questões de segurança”.