Produção de bicicletas em Portugal triplica com a pandemia, mas falta de materiais pode prejudicar o setor
Em tempos de pandemia, o governo aumentou o incentivo à compra de bicicletas, tanto convencionais como elétricas. O contexto de pandemia levou ao aumento da procura por este meio de transporte e, consequentemente, ao crescimento da produção nas empresas do setor.
Texto de Francisca Oliveira, Mariana Mendes, Mariana Torres e Raquel Pinheiro
Áudio de Inês Ferreira, Inês Lamego, Jéssica Pereira e Luana Luiz
Nos últimos anos, houve uma redução da compra de bicicletas com a expansão das novas tecnologias que levaram ao sedentarismo, sobretudo da população jovem. No entanto, desde início de 2020, empresas como a Esmaltina, de Sangalhos, no concelho de Anadia, e associações do setor como a ABIMOTA, Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins, veem um maior interesse por parte da população na compra de bicicletas, maioritariamente por questões de saúde e por quererem evitar a utilização de transportes públicos.
O impulso na compra de bicicletas, levou a um aumento da produção. Porém, com vários componentes a serem provenientes dos países asiáticos e a chegarem cada vez mais com atraso, diversas empresas começaram a arranjar soluções, num curto espaço de tempo, para combater este problema. Paulo Lemos, administrador da Esmaltina, conta que esta se viu obrigada a adiar os prazos de entrega, como consequência da diminuição de produção, pois “os fabricantes de componentes estão com prazos de entrega de aproximadamente um ano e meio”.
De bicicletas convencionais a elétricas, a sua produção foi um fator que contribuiu para o desenvolvimento de uma mobilidade sustentável. Segundo o secretário geral da ABIMOTA, Gil Nadais, “o panorama é interessante porque se a utilização da bicicleta estava a crescer em Portugal, e na Europa”, mesmo antes da pandemia, existindo um “incremento muito grande da bicicleta elétrica”.
Em 2020, o número de produção de bicicletas elétricas subiu mais 35%, comparativamente ao ano anterior e Gil Nadais tem esperanças de que este ano esse número seja ultrapassado. Na Esmaltina, Paulo Lemos garante que a produção deste tipo de bicicleta já ocupa 40% da produção.
Economicamente, as empresas de produção de bicicletas portuguesas não sentiram a pandemia de uma forma extrema, mas como afirma Paulo Lemos “o que podia ser excelente pode rapidamente tornar-se uma dor de cabeça!”, isto porque a constante falta de material leva a que estas continuem à procura de soluções rápidas e eficientes.