Setor da hotelaria em Viseu com mais de 75% dos estabelecimentos fechados
O setor do alojamento em Viseu está fechado por falta de atividade e não por obrigação. São mais de 75% dos estabelecimentos na região Viseu Dão Lafões que fecharam portas por falta de clientes e, apesar de já se ver a luz ao fundo do túnel com o processo de vacinação em curso, o apoio às empresas “tem de ser reforçado” nesta reta final.
Por André Reis
O presidente da delegação de Viseu da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Jorge Loureiro, em entrevista ao Jornal do Centro, analisou a situação do setor hoteleiro com alguma preocupação, apontando para três aspetos fundamentais que tem de ser revistos: maior simplicidade na atribuição dos apoios às empresas, reativar o programa ‘Apoiar.PT’ e retificar algumas medidas nos apoios propostos pelo governo.
O programa ‘Apoiar.PT’ surgiu com o objetivo de apoiar as micro e pequenas empresas no setor da hotelaria, restauração, turismo e atividades culturais, contudo, existem algumas restrições para as empresas receberem estes apoios, como a obrigatoriedade destas organizações de alojamento terem uma quebra de faturação superior a 25% no ano 2020, em comparação com o ano de 2019. Jorge Loureiro defende que o “alívio financeiro” que o setor de alojamento teve no verão de 2020, com o levantamento de medidas e o natural regresso do turismo, está a ter “grandes implicações na atual situação, porque muitas das empresas na região de Viseu não têm apoios por terem uma quebra de faturação inferior aos 25% estabelecidos pelo governo”.
Outro dos aspetos fundamentais referenciado pelo presidente da delegação de Viseu da AHRESP é o facto do programa ‘Apoiar.PT’ ter “esgotado há mais de três semanas numa fase tão crucial como esta”. Uma das vítimas deste atraso na atribuição de apoios é o Hotel Grão Vasco (Viseu) que, segundo Nuno Casanova, diretor do hotel, o pedido para participar no “Apoiar.PT” foi “submetido” só que ainda não obtiveram qualquer resposta.
A redução da ocupação no número de quartos no hotel Grão Vasco foi de mais de 50% em relação à primeira fase de confinamento em março de 2020. “Na primeira fase de confinamento, em março de 2020, tínhamos cerca de 25 quartos ocupados e, nesta segunda vaga, temos apenas dez. O impacto neste segundo confinamento foi muito maior, e isto é um sacrifício muito grande paras as empresas e não sabemos quanto tempo vamos aguentar esta situação”, revela o diretor do Hotel Grão Vasco, Nuno Casanova.
Para Jorge Loureiro, os apoios concedidos ao setor da hotelaria são “insuficientes” e de grande “complexidade”, revelando ainda que o grande problema irá surgir quando acontecer a retoma. “É o perder de uma capacidade que foi construída ao longo de tantos anos, porque muitas empresas não vão conseguir sobreviver. É necessário fazer um esforço final de investimento para manter estas empresas ligadas à máquina”, concluiu.