Panama Papers: portugueses nos documentos secretos

Panama Papers

Portugal não escapou ao escândalo “Panama Papers”. Na lista secreta da empresa Mossack Fonseca estão cerca de 240 portugueses. Entre políticos, ex-ministros e donos de empresas, surgem nos documentos 244 empresas, 255 acionistas e 34 beneficiários com endereço postal português.

Manuel Vilarinho, antigo presidente do Benfica, Luís Portela, número um da farmacêutica Bial, e Ilídio Pinho, empresário, são três dos últimos nomes divulgados, juntamente com antigos gestores do banco Espírito Santo. Ao Expresso e à TVI, Vilarinho assumiu estar ligado ao caso. “Claro que o meu nome aparece, eu sei que estou lá, sabe o Ministério Público e sabe o país todo”, disse o antigo dirigente do clube encarnado, confirmando que teve contas em offshore e que isso não é ilegal. “Não tenho rabos-de-palha e sou um cidadão cumpridor”, atirou.
Já Luís Portela, presidente não executivo da Bial, afirmou aos mesmos órgãos de comunicação social que “é público que a Bial tem uma filial no Panamá que coordena toda a actividade do grupo na América Latina”, mas negou qualquer ligação a offshores. Porém, Portela surge na lista secreta associado à Grandison International Group Corp, uma offshore controlada indiretamente pelo empresário em 2004. A Bial América Latina SA, no Panamá, terá sido criada após a aquisição dessa offshore.
O membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, Ilídio Pinho, negou à TVI ter contas no Panamá. “Durante toda a vida efectuei milhares de negócios e não tenho nem nunca tive contas no Panamá”. Segundo o Expresso, o nome do empresário surge ligado a um grupo de nove pessoas que conseguiram autorização para abrir e fechar contas da empresa IPC Management Inc, embora Ilídio Pinho recuse ligações a essa sociedade.
Relativamente ao Espírito Santo, sabe-se que foram criados 300 offshores em 1993 pela empresa Mossack Fonseca e, segundo a RTP, o Ministério Público desconfia de um “saco azul” que terá servido para enviar dinheiro e património a destinatários ainda desconhecidos. Por este terão passado mais de 300 milhões de euros.
Recorde-se que o escândalo “Panama Papers” – que já é considerado a maior fuga de informação de sempre – consiste em 11 milhões e meio de ficheiros retirados da grande empresa de advocacia Mossack Fonseca, especializada em offshores (paraísos fiscais). Esses dados chegaram, por fonte anónima, ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung que partilhou a informação com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI).

Susana Oliveira

 

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