The Phone Call, ou como a solidão nos “chama” a viver

The Phone Call é uma curta-metragem de 2013 realizada por Mat Kirkby, vencedora do Óscar de Melhor Curta-Metragem no ano de 2015. Este drama de origem inglesa retrata o dia de Heather, funcionária numa linha de apoio telefónico, quando esta atende a chamada de Stanley, um homem com alguns segredos a revelar.
A viagem emotiva da personagem principal é acompanhada, de forma crescente, por planos com perspetivas cada vez mais pessoais. A proximidade aumenta de acordo com a intensidade emocional, que é fielmente demonstrada na sua linguagem corporal: a inquietação nas suas mãos e a emotividade no seu rosto.
Numa sequência de planos a meia-luz, bem conseguidos e onde a linguagem corporal e as emoções deveriam falar por si só, o envolvimento do espetador fica aquém do expectável. Em The Phone Call, a empatia é o fator-chave, mas 20 minutos parecem escassos para desenvolver uma história de vida tão complexa, o que se traduz numa película com um final abrupto e que acaba por saber a pouco.
No entanto, as intenções de Kirbky com este filme são claras: demonstrar que a passagem do tempo é inexorável e o poder dos sentimentos também. Não, o tempo não cura tudo. E é precisamente deste tempo que Stanley é vítima: o tempo passado em sofrimento, a preto e branco, é o tempo que não o conseguiu salvar.
Em maior ou menor grau, todos acabamos por ser mártires. Mas enquanto alguém não o consegue ultrapassar, outro reverte a situação pelas suas próprias mãos.

Ana Rita Cabral

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