Morrer com dignidade
No dia 20 de fevereiro foram aprovados no Parlamento os 5 projetos sobre a despenalização da eutanásia. Estes projetos serão ainda debatidos na comissão de Assuntos Constitucionais e posteriormente aprovados pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.
Por Sofia Pereira
Apesar das diferentes opiniões nas várias ordens sociais, a despenalização da Eutanásia era a opinião defendida pela maior parte dos deputados presentes no parlamento.
Lúcia Araújo Silva, deputada do PS e candidata à Câmara Municipal de Viseu foi uma das pessoas que se posicionou a favor da despenalização da prática. “A pessoa tem liberdade de tomar as suas decisões vitais ao longo da vida e também deve ter liberdade para ter um espaço legalmente reconhecido da decisão quanto à sua própria morte.” O pretendido com a eutanásia é ajudar aqueles que se encontram em sofrimento extremo a concretizar um ato que é entendido pela deputada como “uma decisão individual, livre e esclarecida”.
Manuela Maria Coelho Antunes, elemento da Assembleia de Freguesia de Viseu pelo Bloco de Esquerda, é também apoiante da despenalização da eutanásia e afirma que “Quem decidir (maior de 18 anos) optar pela morte assistida deve poder fazê-lo livremente. Despenalizar alarga o espaço da liberdade, dos direitos e da tolerância na sociedade portuguesa.”
No contexto religioso, a aprovação dos projetos sobre a despenalização da eutanásia, não era a mais apoiada pelos crentes. Mas, segundo Frei Zé Carlos, frade na diocese de Viseu, esta não é uma questão de teor religioso. “A opinião não é apenas por ser padre, quando não o era a minha opinião era a mesma. Acho que esta questão da eutanásia não é uma questão religiosa, é uma questão humana. E acho que isto não vai dignificar em nada o nosso país e não vai dignificar em nada os nossos doentes. Vai ser um retroceder na nossa civilização”.
No ano de 2018, o tema já tinha sido discutido no parlamento. E na ordem religiosa, os representantes de todas as religiões existentes em Portugal assinaram uma declaração na qual salientam que esta lei não será benéfica para o país.
Zé Carlos, frade na diocese de Viseu, afirma que “É duro ver alguém sofrer e por isso tem de se fazer alguma coisa. E esta «alguma coisa» não pode ser ir por um atalho. A eutanásia é ir pelo caminho mais fácil, mais económico, mas que não nos dignifica como seres humanos”.
A despenalização da eutanásia torna esta prática um Direito, ainda que com algumas restrições. Não se trata de “matar pessoas”, mas sim, proporcionar-lhes uma morte sem dor, aliviando o sofrimento causado por doenças incuráveis e dolorosas. Este método é realizado pelo médico a pedido do doente em questão.