Para ti, Sophia. Obrigada, Sophia.

O que à primeira vista é apenas uma história de uma menina, de seu nome Isabel, que tem o sonho de conhecer um anão, transforma-se aos poucos numa reflexão profunda sobre o sentido da vida. Baseada no texto “A Floresta”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, “Para ti, Sophia” é uma homenagem à famosa autora. Trigo Limpo Teatro ACERT dá vida ao seu texto, criando e recriando este conto.

Ao longo da história a importância do dinheiro, do poder e da amizade é abordada, fazendo-nos refletir, mesmo que inconscientemente, sobre esses temas. A mensagem acaba por se tornar labiríntica se tentarmos desconstruir a peça. Entre expressões como “o dinheiro é o veneno que se toma em grandes doses” e “as coisas que passam ficam vivas para sempre numa história escrita”, esta história de crianças está carregada de mensagens importantes para miúdos e graúdos, mas é preciso refletirmos um pouco, para não nos ficarmos só pela “historinha”.

Durante uma hora, o público é transportado para o mundo fantástico criado pela escritora e conduzido pelas diferentes personagens interpretadas por apenas três atores (António Rebelo, Pedro Sousa e Sandra Santos). Ao entrarmos para a sala de espetáculo, somos surpreendidos por aquela ambiência de conto de fadas, que nos remete para a entrada num novo mundo. A música e a luz criam esta envolvente e vão transformando a história ao longo de toda a peça. O cenário, que à primeira vista parece muito simples, encerra uma complexidade que vai sendo desvendada no desenrolar da narrativa. A entrega dos atores a cada personagem é cativante e provoca diferentes emoções na plateia. Entre risos e expressões de espanto e de reflexão, o público é levado a identificar-se, a vibrar e a sonhar com aquelas personagens.

Esta história é um iceberg que vale a pena descobrir e explorar. Podemos ficar apenas à tona da água ou podemos (e devemos!) imergir nela. E então, está disposto a entrar nesta aventura?

 

Crítica de Rafaela Sousa

Imagens: João Pereira

a