“O MMA não serve para criar valentões”
Fernando Loio, diretor técnico da Associação Full Contact de Viseu e grão-mestre em diversas artes marciais e desportos de combate, defende que “o MMA não serve para criar valentões” e que esta modalidade ajuda no desenvolvimento humano.
O MMA é o conjunto de artes marciais, em que as principais são o boxe, muay-thai e jiu-jitsu. Segundo a explicação do mestre, apesar de estas modalidades impingirem o contacto físico e o desferimento de golpes, “temos que perseverar a integridade física dos atletas, temos que elaborar regras que não prejudiquem os atletas”.
Dentro dessas regras, não se pode aplicar golpes na nuca, golpes nos genitais nem cotoveladas, joelhadas ou pontapés enquanto o atleta estiver no chão, tornando, assim, “a modalidade mais segura e com menos riscos de ocorrências de lesões graves”, como afirma o especialista. Porém, Fernando Loio realça que a modalidade não está institucionalizada e, por isso, as regras diferem dependendo de promotor para promotor, de evento para evento e de país para país.
Quando questionado sobre o que se passou com João Carvalho, o atleta português que morreu no dia 12 de abril durante um combate internacional de MMA em Dublin, na Irlanda, Fernando Loio diz não saber e afirma que desconhece as regras que foram usadas. O diretor da associação de Full Contact de Viseu não viu o combate e também não aponta o dedo ao árbitro. “Podia estar a cumprir as regras inicialmente delineadas, e como tal, não foi o culpado”, salienta. O Grão-mestre refere ainda que existem outros factores que não são conhecidos: “podia não estar preparado para aquele combate, não ter a experiência suficiente, nem estar ao nível do adversário”, lembra.
Quanto à discriminação dos praticantes da modalidade, por serem considerados excessivamente violentos e por quererem bater em civis sem a preparação deles, o Grão-Mestre não hesita em frisar que “isso depende dos treinadores, dos clubes, dos promotores, daquilo que pretendem transmitir aos atletas e dos objetivos que tenham. Por norma, têm formação e tenta ver o lado desportivo, o desenvolvimento humano, não é só para ‘criar valentões’ para a porrada. Isso vai das pessoas!”, remata o grão-mestre.
Leandro Coutinho (texto e foto)