“Não é fácil abandonar um cargo assim”
No passado dia 5 de Dezembro, numa entrevista ao #Dacomunicação, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o eurodeputado Fernando Ruas revelou as suas preocupações relativamente à situação de Portugal na União Europeia.
O deputado do Parlamento Europeu, Fernando Ruas, mostra alguma apreensão no que diz respeito ao desenvolvimento regional e à adesão dos sub países à União Europeia (UE). “O desenvolvimento regional tem muito a ver com os fundos de coesão, os quais estamos sempre à espera e nem sempre valorizamos. No fundo, coesão não é uma coisa adquirida internamente e cada vez se ouve mais gente a não estar de acordo com os fundos de coesão. Isto para nós é extremamente difícil de ouvir. Era muito mais complicado se os fundos de coesão terminassem neste momento”, afirma Fernando Ruas. Em relação aos sub países aderirem à UE, o ex autarca refere que nos países de Leste há cerca de 40% de irregularidades, algo que não acontece em Portugal.
Fernando Ruas considera a política de coesão como a mais importante. A região da grande Lisboa é considerada a mais desenvolvida, o que o preocupa. O eurodeputado mostra-se revoltado com o facto de certas regiões se desenvolverem e continuarem a ser vistas como pobres. “Temos de zelar pela aplicação dos fundos comunitários. Quem veio das autarquias como eu sabe da importância disso. A maior parte do investimento público durante muitos anos foi só nas autarquias, aquele que vinha da União Europeia”, defende.
Fernando Ruas, defensor das autarquias, e ex-presidente da Câmara Municipal de Viseu, refere que já integrou uma comissão de dimensão que aplicava os fundos de coesão na Roménia e que nem sempre os fundos comunitários eram bem utilizados. Assim, o eurodeputado alerta para uma correta utilização do dinheiro comunitário por parte dos países que dependem do mesmo. “Portugal é bem diferente antes da integração e depois da integração na UE.”, realça o ex-autarca.
Após 6 mandatos na Câmara Municipal de Viseu, o eurodeputado sente saudades do carinho dos viseenses. Os cidadãos de Viseu como o próprio indica fizeram-lhe um grande favor, não só por o deixarem governar a cidade durante 24 anos, mas também pela forma como o deixaram sair. “Ainda hoje uma das coisas que me agrada mesmo é a forma como me tratam na rua, sempre com grande afeição. Não é fácil abandonar um cargo assim”, remata Ruas.
O eurodeputado conclui que é necessário uma adaptação, uma vez que o cargo que exerce actualmente é bastante distinto da atividade municipal. Não excluindo a hipótese de se recandidatar à Câmara de Viseu, o ex-autarca não planeia o futuro e acredita ser fundamental o exercício da sua função no Parlamento para o desenvolvimento das regiões.
Texto: Ana Isabel Lopes, Joana Meco e Patrícia Tomé
Imagens: Joana Meco